quinta-feira, 30 de abril de 2009

Despertar.

O que é despertar? Abrir os olhos de manhã? Sim, mas talvez não. Nada nos garante que a vida é um sonho e que a realidade e aquele lugar para onde vamos quando dormimos ou quando esta vida acaba. Este tema não e novo, e é encontrado no conceito de “maia” do hinduísmo, na psicologia ocidental dentro do pensamento de Willian James e de Carl Gustav Jung, e Tb em filmes como Matrix e Waking Life, (que um a aluna me recomendou e um paciente me emprestou, Grata aos 2). E claro o filme que faço meus alunos verem: “Quem Somos Nos”.
Mas o despertar pode ser algo mais simples que questões filosóficas profundas e por vezes perturbadoras que nem todos estão prontos para enfrentar. O despertar pode simplesmente estar contido na pergunta que se faz a si mesmo: “O que é que eu estou fazendo aqui?”. A meu ver esta pergunta é o equivalente a abrir os olhos para a vida. Quem não teve ainda a capacidade de se perguntar por que afinal de contas está vivo, (sem se contentar com a resposta de ser fruto do mero acaso biológico
) ainda esta em sono profundo. Espero poder desejar a todos “BOM DIA!”.

sábado, 25 de abril de 2009

Tarô, I Chig e Sonhos.

E o que eles têm em comum? Todos são mensageiros do inconsciente, respostas que nós mesmos vamos buscar e nos presenteamos, algo muito mais simples do que costumamos atribuir aos seus efeitos misteriosos. Qualquer um que esse interessar em conhecer o inconsciente os reconhecerá imediatamente como uma manifestação da natureza, da natureza humana.
Mas se você é do tipo que não acredita nessas coisas, ou não as conhece, o que me diz de prestar mais atenção aos seus sonhos? Você pode se surpreender com a clareza das respostas que podem ser trazidas em sonhos, basta um pouco de treinamento, e cada vez que der certo, a sua confiança aumentará, e também aumentarão os bons resultados.
Os sonhos ao meu ver são a mais fiel expressão do inconsciente, tanto pessoal quanto coletivo. Gosto muito de receber o sonho de uma pessoa respeitando-o, prestando atenção ao que ele expressa em si - no melhor estilo junguiano -vendo nele a resposta, interpretando-o o menos possível, deixando esta tarefa a cargo do sonhador. Mesmo sabendo que de fato existam símbolos universais, o mar no meu sonho pode ter um significado diferente do mar que aparece no seu sonho. Seja como for, mergulhe nele.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Tudo o que você queria saber sobre psicologia, mas tinha medo de perguntar.

Esta semana as aulas que dei para minhas turmas do departamento de Design da PUC após assistirmos o filme “Quem somos nós” foram exatamente como descreve o titulo da postagem. E tenho que confessar que aprecio dar este tipo de aula. Na verdade exige muito do professor tentar esclarecer diversas dúvidas de quase 50 alunos, mas vale muito à pena, a aula fluiu naturalmente de forma que nem vimos a hora passar. Os assuntos foram desde: Inconsciente, hipnose, regressão, esquizofrenia, neurose, o que era o conceito de normalidade psicológica, psicose, fenômenos paranormais, coisas que a ciência atual não explica sobre a mente, cura espontânea, síndrome do pânico, psicopatias, e etc. A lista é ainda mais longa. Respondi a tudo da melhor forma que pude, inclusive revelando o meu não saber a respeito de certas coisas.
O que eu acho de tão legal em dar uma aula assim, que mais parece uma bagunça aonde todos falam e perguntam sobre diversos assuntos, às vezes muito diferentes uns dos outros? “A espontaneidade e o real interesse, e como se diz na propaganda de cartão de credito, “isso não tem preço”. Por mais que sempre procure fazer as aulas ficarem interessantes, eu, como a maioria dos professores, estamos sempre decidindo o que os alunos devem aprender a respeito de psicologia. Ok se tem que ser assim, mas dá para dar mais... Dá para abrir espaço para que os alunos falem a respeito do que querem saber de algo tão amplo, e que varias vezes já se tornou parte de um senso comum, como os conceitos psicológicos. E é bom descobrir que aquele aluno trabalhoso, que esta sempre falando com o colega, continua a falar, só que agora é a respeito do assunto que esta sendo discutido. E como é legal o momento em que quase 50 pessoas se sentem a vontade e seguras para trazer a baila dúvidas a respeito de coisas que já viveram ou presenciaram com alguém próximo. Enfim, tudo passa a ter mais vida e o humano se apresenta em plena sala de aula, e é isso que me faz feliz.
Para quem quiser falar de qualquer destes assuntos, me coloco a disposição, é só passar um email.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Reforma ortográfica: ora pois, não estou a entender
Afora as correntes dúvidas acerca da nova grafia de certas palavras da língua portuguesa, deparei-me, dia desses, com um certo pesar frente às atuais imposições ortográficas. É que lembrei-me do trema, esse amigo de longa data, que muito me fará falta.
O trema, além de fazer toda letra "u" transformar-se numa carinha feliz e dar um aspecto alegre à palavra, presenteou-me, no início da adolescência, com a apresentação da língua alemã.
Isso me fizera crer que havia uma conexão muito simpática entre as duas línguas, ligadas pelo sorriso.
Tempos bicudos esses em que vôo transformou-se em voo, sem chapéu de aviador. Enjôo, então, nem se fala! Agora, não tem mais ninguém para segurar a cabeça do "o" quando ele passa mal...
Por outro lado, fica a dúvida que não quer se calar em relação ao propósito das mudanças. Já li, por exemplo, que, com a uniformização da língua, poderemos cambiar obras abundantemente. Não será necessária uma edição para cada país, incrementando, assim, o intercâmbio cultural entre as nações de língua portuguesa.
Entretanto, penso que não é só a ortografia que faz a língua. E as expressões idiomáticas, por exemplo? Como ler e entender em um texto, que o personagem principal estava dirigindo e falando com as mãos livres (= viva voz), aguardando a chegada na casa de pasto (restaurante), onde finalmente pedirira, como desjejum, uma carcaça (pão francês) e um café?
Acho que, no mínimo, vão vender dicionário luso-brasileiro aos borbotões... Isso é que é lucro editorial!
Há um tempo atrás, um colega contou que, quando estava em Portugal, apertou o botão do elevador de um edifício e travou o seguinte diálogo com a pessoa que estava lá dentro:
- O elevador tá subindo ou tá descendo? - disse o colega.
- Está parado. - disse o cidadão.
Isso sem falar que descarga de banheiro parece uma catástrofe da natureza... um "autoclismo". Cruz credo, eu é que não aperto!
Vejam meus caros, a situação não é das mais fáceis...
E a rapariga aqui está a apanhar aos montes.


domingo, 12 de abril de 2009

Pai-descendo no paraíso

O silêncio sereno se estendera aos vários dias da semana para que, de braços abertos, ela recebesse a Sexta-Feira Santa.
Cabelos ao vento, vôos de pensamento, lembrou da história da humanidade personificada em Adão e Eva. E foi assim, remontando a si mesma, que foi levada, naquele dia, a desnudar-se internamente e emudecer-se para os de fora.
Com a coragem própria de quem se esvazia buscou, no coração de seu ser, sua sombra.
De olhos abertos, reconheceu velhos fantasmas, todos pertencentes àquele sortimento de sensações que experimentava e que, subitamente, apresentava-se também como EU.
Observando cuidadosamente as cenas que sucediam ao seu redor, compreendeu que só poderia entendê-las pelo ponto de vista próprio e singular daquela existência que, investida de um corpo, quase transbordara ali mesmo.
Então, com os olhos rasos d'água, amigavelmente acompanhada por um dia chuvoso, pôs-se a reconciliar com tudo aquilo que expurgara de si ao ponto de denominá-lo de outro.
"Pai Nosso que estás no céu..."
Equacionou aparências:
"Pai Nosso que estás no eu..."
Deitou, dormiu fletida e acordou em um Domingo de Páscoa, parida por uma manhã, dividindo essas palavras com todos aqueles que, companheiros de viagem, viram, nesse relato, um porto e um pouco de si.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Vizinhos

Bom, falarei agora de algo pouco acadêmico, (quem diria!) Pois é, quem me inspira hoje são meus novos vizinhos. Depois de um longo tempo sem tê-los, vivíamos, eu e minha família em estado de graça paz tranqüilidade e acima de tudo silêncio. Há pouco mais de 2 meses eles surgiram. Pessoas simpáticas, mas pessoas acima de tudo, e sua presença fizeram sentir com intensidade já no primeiro final de semana. Logo de manhã fomos acordados ao estrondoso som de Gilberto Gil Uau! Nos outros finais de semana fomos brindados com Rita Lee e Pink Floyd. Bem eu tinha duas escolhas, ficar irada e chamar a sindica (o que não adiantaria nada mesmo), ou dar graças aos céus por eles não gostarem de funk, que com todo o respeito é demais para a minha pessoa... Assim, hoje optei pela segunda opção, é, estou até pensando em colocar a cabeça na janela e perguntar se eles não têm um cd do Led Zeppelin, Dire Straits, que eu não ouso faz um tempo... Já que estamos vivendo em comunidade sonora, poderíamos pelo menos ser consultados quanto ao repertório. Enfim, eu só quero é ser feliz... OOps, é melhor não dar idéia.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Conte até dez ou um pouco mais...

Amigos, quando algo não passa pela nossa garganta costumamos ouvir que antes de falar alguma coisa é melhor contar até 10. Olha, adianta. Dá tempo do impulso agressivo causado pela raiva amainar e nos possibilita não criar ali algo do qual possamos nos arrepender depois, pois a palavra desculpa não faz com que as outras sejam esquecidas. Mas não vomitar na hora não significa que está tudo bem, há algo mais profundo que precisa ser feito, arrancar a semente de magoa que pode ter caído no terreno fértil de nossas fraquezas, e que mesmo depois de 10 minutos pode começar a brotar. Então eu sugiro contar até 48, 48 horas. Isso mesmo. Dois dias para que possamos pensar e repensar no que nos fez passar por tal situação com certa pessoa. Creio que após este tempo, possamos até mesmo conversar em prol de uma reconciliação, ou escolher um silencio sereno. Para mim adianta, quem quiser pode experimentar.

sábado, 4 de abril de 2009

Para os que sentem, para os que falam e para os que escutam

O que dizer par alguém que se encontra na sua frente, relatando a vivência de um sofrimento profundo, causado pela perda das bases que até então ordenavam a sua vida? O que parecia tão sólido se revelou como um amontoado de bolhas de sabão. É a desilusão... Enfim, o que você vai dizer vai depender do tipo de pessoa que você é , e para os colegas que lêem estas palavra, do tipo de terapeuta que você se propõe ser e do que tem para dar enquanto ser humano – pois como eu gosto sempre de lembrar até mesmo para os meus pacientes: psicólogo também e gente. E não se aprende a ser gente na faculdade... E como Jung gosta de enfatizar, o processo terapêutico se dá a partir do encontro de duas psiques, a do terapeuta e a do paciente, e o primeiro não pode levar o segundo a enxergar além do alcance do seu próprio olhar, o que independe de qual técnica de tratamento esteja sendo utilizada, mas sim de uma combinaçao de profundo conheciemnto e humanidade.
Voltando a questão proposta do que dizer a alguém que sofre, pode-se optar pelo elegante e seguro silêncio. Esta postura abre espaço para que a angústia se coloque, o que tem sua serventia, mas pode em alguns casos ser pouco acolhedor...
Pode-se então ir um pouco além acolhendo a angústia não apenas como uma queixa, mas como uma representação de um conteúdo humano encerrado na crise. Assim, há como vasculhar o que se esconde, o que está oculto, transformando-o no que se revela. E conteúdos revelados sempre serão bem vindos, pois apenas assim poderão ser trabalhados.
Caso quem escute possua mais alguma sensibilidade, poderemos encontrar bem ali, no sofrimento, a responsabilidade expressa pela lei da colheita, que dá ordem e sentido a tudo o que nos rodeia. Assim abre-se a possibilidade de olhar o humano que nos transmite algo além do compadecimento por aquele que sofre, enxergando nele, mesmo na situação adversa que for, algo mais que um coitado, algo mais que uma vitima,, alguém que de alguma forma pode ser capaz de se superar. Isto também tem sua serventia...
Mas poderemos ir ainda mais além, passando-se da analise do porquê para a analise do para quê. Do sofrimento para além de um mero castigo ou fatalidade, e compreendê-lo como uma oportunidade de crescimento. Isso exige uma visão fina e aguçada, pois a oportunidade pode ser comparada a uma semente contida na adversidade, que começa a crescer no instante em que é encontrada.
Na verdade esta não é uma questão muito fácil, façamos assim o melhor que nossa visão nos permitir, lembrando sempre que ela pode ser eternamente expandida.