quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2011

Oi amigos, sei que não tenho escrito com muita frequência, mas os afazeres de fim de ano foram muitos, mas quero partilhar com vocês um pensamento para a entrada do ano de 2011.
Como já escrevi antes,  a virada do ano traz em si  uma aura mágica, como se um novo ciclo fosse realmente uma nova chance de fazer diferente. Gosto deste clima, e ao contrário do que muitos podem pensar, não considero uma superstição. Por isso existe o natal trazendo o renascimento de Jesus menino. Nas antigas religiões era muito comum um mito que falava do eterno renascimento de um ser divino. Vários pensamentos elevados em uma mesma sintonia, fazem com que a esperança seja sentida no ar, como se nesta semana que precede a virada nos permitisse tirar pesos dos ombros e participar de uma recarga positiva que usaremos no decorrer do ano. Tudo isso é um movimento mais espiritual que cronológico, pois o verdadeiro tempo está dentro de nós. Sim, façamos planos, tenhamos esperança, não apenas amanhã, mas sim em todas as nossas manhãs.
Uma das minhas promessas é escrever com mais frequência...
Feliz ano novo e grata de coração por lerem os posts.
Beijos

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Consumismo infantil e individuação

Recebi hoje um e-mail falando a respeito de um manifesto contra a publicidade abusiva feita para as crianças. Normalmente eu não costumo ser contra a publicidade. Mas eu disse normalmente... Pois faz tempo que a publicidade deixou de ser normal. As crianças são realmente bombardeadas com necessidades falsas e promessas de felicidade obtida por meio da aquisição de bens materiais. Para um ser em formação, isso tem danos catastróficos que são facilmente observados nos adultos que acabam indo se sentar no consultório. Quando esta publicidade massacrante não pode ser neutralizada por um lar relativamente equilibrado, com pais atentos que tem condição de ensinam valores reais (o que hoje em dia é muito raro) a propaganda acaba moldando o futuro adulto em valores completamente falsos, que o colocam no caminho oposto a plenitude. Isto se torna um grande entrave ao processo de individuação, pois na maior parte das vezes as pessoas são tão bombardeadas por valores tão fúteis do que é ser um ser humano de valor, que não conseguem nem enxergar a entrada que existe para dentro de si mesmo, para a descoberta dos próprios valores, do que é realmente ser humano, da própria beleza, do próprio talento. É a sombra da humanidade  se esgueirando com muita sutileza para envenenar o que há de mais precioso, a mente e os corações dos futuros adultos que ditarão os rumos do mundo. 
E tudo isso bem debaixo dos nossos narizes. Por isso devemos estar cada vez mais alertas, pois não há como afastar totalmente as crianças dos meios de comunicação como a tv e o computador. Devemos ser pais e educadores cada vez mais cautelosos e atenciosos, pois todo cuidado é pouco.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O medo.

Seria difícil não escrever nada a respeito de tudo o que vem acontecendo estes dias na cidade do Rio de Janeiro, lugar onde moro. Um dia antes da confusão armada na cidade meu filho me perguntou se medo curava soluço, pois quando se tomava um susto ele passava... Eu disse a ele que talvez a surpresa fizesse isso e não o medo. Agora já não sei...
Pois bem, quando tudo começou o medo tomou conta de toda  a cidade. Desconfiava-se de tudo, e até o paraíso da Zona Sul foi tocado. Ficamos todos com medo, eu também. Foi muito estranho ter que explicar para a minha filha de 10 anos que eu não sabia se ela iria fazer a prova porque havia uma ameaça de bomba na pracinha entre nossa casa e a escola, simples assim. Me ligaram do meu consultório dizendo que era melhor não vir porque também havia suspeita de bomba na praça de lá... 
Mas foi este mesmo medo que provocou uma reação á altura apoiada por todos os cidadãos. Enquanto todos não sentiam de fato o medo suscitado por uma guerra explícita que alcançasse os lugares mais nobres do Rio nada era realmente realizado na cabeça da cidade como um todo, isso era coisa do túnel para lá. Mas nossa cidade cercada de morros não tem para lá, é tudo aqui mesmo.
O medo em si não diz muito, o que deve ser levado em conta é o tipo de reação por ele suscitada. A pessoa pode recuar sentindo-se acuada, ou responder com grande agressividade, atacar para se defender. A reação  está sendo o ataque depois de muito tempo de recuo, vamos ver o que há de vir. Será que medo cura?

sábado, 13 de novembro de 2010

Rir para não chorar

Amigos, me perdoem a demora para postar. Existem momentos na vida em que precisamos dedicar todo o tempo e forças disponíveis para um devido fim e foi o que aconteceu. Mas estou aqui novamente.
Esta semana quero partilhar com vocês uma coisa engraçada que andou acontecendo no consultório. Algumas pessoas chegaram com questões no mínimo embaraçosas relativas ao convívio com o próximo. Ou seja, realações interpessoais que perpassam a vida de qualquer um de nós que não tenha optado para fugir para um mosteiro no Tibete. Pois sim, quando ouvi os casos, que eram muitas vezes dignos de lágrimas, me peguei rindo muito. Graças a Deus meus pacientes riam também, por vezes gargalhávamos. Era o mais puro exemplo do ditado "rir para não chorar". E deu certo. Com o riso grande parte dos embaraços perdia o peso e nós podíamos falar dos acontecimentos sob outra perspectiva, e deu muito certo. É claro que nem sempre dá para rir de tudo o que acontece, mas percebo que muitas vezes tudo depende de como queremos encarar as coisas da vida.
Vocês podem estar pensando que pimenta nos olhos dos outros é refresco. Concordo, o negócio é dar o exemplo, então tive na quinta a minha grande oportunidade: entrei no supermercado na hora de pico, e depois de enfrentar a maior fila, todas as máquinas de cartão de débito dos caixas entraram em pane, restando apenas uma maquineta funcionando para o mercado todo. Vocês podem imagina? Pois é, entrei em uma segunda fila enormeeeeee. No dia anterior quando fui tirar dinheiro no caixa eletrônico, o sistema nacional  do banco estava em pane e não havia previsão de retorno. Imaginei que eu devia estar carregada a ponto de afetar as máquinas, e comecei a rir. Atrás de mim um senhor xingava até mesmo a mãe do gerente  e toda a rede do mercado. Senti que dele emanava uma carga muito pesada e preferi me afastar. Embora eu entenda que não tivesse mesmo lá muita graça, sei que graças a uma escolha de atitude continuei o dia de forma bem melhor e mais leve. Eu sabia que se me aborrecesse ali, o resto do meu dia estaria comprometido, com aquele peso se arrastando atrás de mim. E isso foi uma opção. Espero que eu e você possamos ter condição de fazer esta mesma opção várias vezes durante a nossa vida.
Beijos.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pais e filhos.

É quase anedótico o fato dos psicólogos vasculharem as minúcias das relações entre pais e filhos a fim de encontrar a origem de traumas que geraram neuroses ou distúrbios psicológicos que o valham. De fato abrindo estes arquivos podemos encontrar muitos vírus e erros de programação. Mas nem sempre só a culpa é dos pais, o mérito também é. Dia destes estava ouvindo um jovem, e perguntando a respeito do motivo pelo qual ele não aceitou usar drogas, mesmo tendo oportunidades de fazê-lo, ele me respondeu: "Porque meus pais me educaram direito." "Como assim?" "Eles não me davam folga, marcavam em cima direto, sempre querendo saber com quem eu estava. E quando sabiam de algo errado que eu fazia até apanhava". "Mas existe alguma coisa em relação a eles da qual você se ressente?" Olha, perfeito eles não são, mas eu nunca nem vi eles brigarem na minha frente. Então não tenho nada a dizer. A unica coisa é que nem sempre eles ficavam me enchendo de presentes, davam só em datas de aniversário e natal. Mas com isso eu aprendi a valorizar o que eu tenho. Quando crescer quero criar meus filhos assim".
Eu mesma não sou muito a favor de castigos físicos, é uma questão muito polêmica. Mas reparem bem que este é o relato de uma pessoa que apanhou na infância, mas que nem por isso ficou com raiva dos pais. O que vem ao caso aqui na verdade não é o apanhar ou não apanhar, e sim a atenção, a dedicação e o carinho. Cada dia que passa a prática clínica e a vida me confirmam que o descaso doi muito mais que uma palmada dada sem raiva.

Um simples sorriso

Um dia destes cheguei na clínica onde fica meu consultório e a secretária me deu bom dia perguntando "A sua orelha não coçou ontem?" Respondi que não. E ela me disse que uma pessoa havia falado muito bem de mim. Pensei que era um paciente satisfeito, mas não era. Se tratava de uma pessoa a quem eu havia dado um sorriso e perguntado se estava precisando de alguma coisa quando a vi chegar um pouco perdida na clínica. Foi só isso. Na verdade nem me lembro da pessoa. Aquilo me fez pensar não em como eu era uma pessoa simpática e agradável, mas em quantas oportunidades de plantar coisas boas para mim e para os outros eu perdi nos dias em que não estava sorrindo.

domingo, 17 de outubro de 2010

"Não existe nenhuma dificuldade em minha vida que não seja exclusivamente eu Mesmo" C. G. Jung

A frase acima está impressa na sacola em que eu trouxe o Livro Vermelho. Mesmo antes de abri-lo, a sacola já me pareceu algo que soava fundo na consciência. Por estes dias me senti tentada diversas vezes a reclamar da vida, e imediatamente a sacola vinha a minha mente. Não que isto seja exatamente uma novidade. De fato creio que tudo, até mesmo o que não está bom, é em ultima análise fruto de mim mesma. Já expressei esta idéia antes em algumas postagens. Mas vê-la impressa em letras garrafais todos os dias sobre a minha mesa de trabalho, encarando-a diversas vezes, me forçou a entrar cada vez mais fundo em meu ser. E então eu voltava para perto de mim, para dentro de mim. Quando quis culpar o mundo, só encontrei eu mesma.
Esta idéia que promove o processo de individuação provavelmente é arquetípica, pois além da frase do famoso psiquiatra suíço, existe um compositor de música popular brasileira, Juraildes da Cruz, que compôs os seguintes versos capazes de despertar as mesmas reflexões nesta que vos fala:
"Eu tentei fugir de mim, mas aonde eu ia eu tava, quanto mais eu me escondia, mais eu me encontrava"

domingo, 10 de outubro de 2010

Amar ao próximo.

Muitas vezes, quando somos levados a falar ou a pensar a respeito de nós mesmos, é comum que a primeira vista nos vejamos inicialmente pelas qualidades,. Sim, podemos de fato ser  pessoas legais, no geral. É, afinal, se não prejudicamos de forma grave alguém, e fazemos alguma caridadezinha de vez em quando, pode ser que seja o bastante para sermos sim pessoas legais. Bom, pelo menos acima da média, eu acho... É...
Mas quantas vezes não olhamos aqueles que estão próximos de nós. quantas vezes visitamos aqueles parentes doentes, paramos para conversar de verdade com maridos, esposas, pais, e filhos? Será que uma pessoa que não consegue amar de fato aqueles que estão mais próximos pode se vangloriar por fazer passeatas com o Greenpeace? Visitar orfanatos e asilos em dia de natal?
Você pode estar pensando "eles não me procuram". Mas e daí? Deixe de ser vítima e lembre da oração de São Francisco.
"Amar que ser amado/ Compreender que ser compreendido/ Pois é dando que se recebe"

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Como criança

Esta semana fui a um evento da SBPA (Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica) e na ocasião estavam vendendo o tão esperado "Livro Vermelho- Liber Novus" de C. G. Jung. Quem é da área e gosta de estudar o legado de Jung sabe da importância deste livro, que torna acessível ao nosso estudo a gênese do pensamento que tanto admiramos e utilizamos. Além do que, o livro em si é enorme, pesa quatro quilos e meio e tem gravuras lindíssimas. De modo que após minha aquisição, voltei para casa literalmente abraçada a ele, pois era impossível, para mim, carregá-lo de outro jeito. Foi neste momento, que o simples ato de carregar um objeto desejado e valioso para mim de encontro ao peito me trouxe um sentimento profundo de satisfação que eu já havia sentido antes. Quando seria mesmo? Ah! Foi quando  aos 3 anos de idade meus pais me deram um enorme urso de pelúcia no Natal, um que eu namorava sempre quando passava na loja de brinquedos. Ele era tão grande para mim que a unica maneira de carregá-lo foi de encontro ao peito. Embora fossem dois objetos, a emoção por eles causadas certamente estão além do valor em si. Embora o livro seja bem caro e eu não faça idéia de quanto tenha custado um urso daqueles em 1977 (ainda mais com tantas trocas de moeda desde então...), já ganhei coisas certamente mais caras que não me despertaram o mesmo sentimento de satisfação. 
Mas o que quero dizer mesmo com tudo isso, é que nós podemos crescer, e os objetos ou as aspirações podem (e devem) mudar, mas há algo de essencial a ser acessado quando se toca a alma do homem que não muda nunca, está na base, está no fato de ser humano, e no final o que importa mesmo é o sentimento.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

É melhor esquecer. (Será?)

Nossa mente não sabe a diferença entre uma lembrança e o que estamos vendo na realidade.  Meu Deus, isso é fantástico por um lado mas assustador por outro. Como faremos então para nos livrar dos efeitos de experiências negativas? A primeira e mais comum opção e conselho costuma ser: Tente esquecer. Mas como assim esquecer? 
Acredito que a grande função da psicologia analítica, é fazer com que o ser humano seja cada vez mais consciente de quem ele é, o processo de individuação é sinônimo de auto conhecimento, e para nos conhecermos precisamos  expandir a consciência, e para expandir a consciência precisamos de mais memória. Como podemos acreditar que esquecer é a solução? O esquecer de fato, é aquilo que se torna inacessível à consciência, e se este é o mecanismo utilizado pela psique apenas significa que não estamos fortes o bastante para fazer o que precisa ser feito. A sujeira varrida para debaixo do tapete é mais perigosa que a aparente. O lixo que está a vista poderá ser eliminado no momento mais oportuno. Já o que está debaixo do tapete dá origem a ratos e baratas que invadem o ambiente sem que se saiba como deter a infestação, pois sua origem está oculta. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Tocar o mundo

Ontem conversando com um jovem paciente, falamos muito a respeito de um assunto que me é muito caro, a maneira como tocamos o mundo.
De fato cada decisão nossa, o simples fato de existirmos toca o mundo de uma maneira que não podemos sequer mensurar. Esta ação vai desde a forma mais física, palpável e observável até a forma mais quântica, que está além das percepções limitadas do cinco sentidos físicos.
Nós decidimos como queremos tocar o mundo de forma consciente. Uma destas formas cruciais é quando estamos prestes a decidir que carreira profissional queremos abraçar. Antes de mais nada eu digo que devemos decidir não pelo que está mais na moda, que esperam de nós, ou mesmo o que está dando mais dinheiro, mas a maneira que queremos viver nossa vida e como queremos tocar o mundo. Sim, porque tudo o que você faz reverbera em pessoas que você sequer um dia irá conhecer pessoalmente. Um bom exemplo disso é uma  música, que quando composta e entregue ao mundo tocará um infinito número de pessoa, trará reflexões e despertará emoções profundas em pessoas que jamais trocarão sequer um olhar com o compositor. E na verdade assim é com tudo o que fazemos, pois tudo o que fazemos está sendo oferecido ao mundo, leva um pouco de nós para o universo, e certamente volta. Portanto ofereçamos algo que amemos fazer na vida e que traga benefícios ao mundo.
Cada um de nós tem um dom, algo que fazemos melhor que outros, e é isto que devemos oferecer. Fazendo isso seremos os melhores, e sendo os melhores ganharemos mais dinheiro. Ganharemos dinheiro felizes, porque trabalharemos com amor.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Aos jovens e futuros colegas clínicos - Coisas que não estão nos livros

Sei que ainda não sou tão velha assim, mas alguma experiência da profissão eu já posso passar. E desejo dizer algo para as pessoas que me procuram nesta época de decisão de carreira,  futuros colegas com a faculdade em curso, e ainda aqueles que se formaram a pouco tempo e sentem que com a formatura o chão fugiu dos seus pés... É assim mesmo.
A profissão de psicólogo é uma daquelas em que o fim a faculdade é apenas o início da caminhada.  Nós achamos que saímos psicólogos quando nos formamos, mas o diploma oferecido é apenas uma habilitação que nos permite começarmos a nos tornarmos psicólogos. As teorias e os sistemas de pensamento, assim como as técnicas são importantes, é claro, mas não é apenas o domínio de técnicas que faz um psicólogo clínico. Isto ocorre porque de forma mais intensa que na maioria das profissões nós somos e seremos sempre o nosso principal instrumento, usamos o nosso saber teórico e o nosso saber sobre nós mesmos. 
Não adianta pensar que existe a imparcialidade pura, o que existe é a posição respeitosa frente as diferenças. Quando sabemos algo a respeito dos campos energéticos formados por nós e nossos pensamentos - não é mero misticismo e sim física quântica - fica fácil compreender que sua presença já não é imparcial. Mesmo que não digamos o que estamos pensando, o que somos e o que pensamos forma um campo que interage com o campo do paciente diante de nós, e é no espaço formado na interação destas dois camos que de fato se realiza o tratamento. Jung muito a frente de seu tempo no que diz respeito a clínica já havia apontado este fato mesmo antes de haver o boom da física quâtica e os eus paralelos com a psicologia. Mesmo que nada seja dito, estamos lá como nosso ser inteiro, nosso consciente e inconsciente criando um fluxo intenso como o consciente e o inconsciente do paciente. E neste campo as coisas adquirem proporções maiores do que imaginamos a princípio.
Em primeiro lugar, mesmo que não haja ninguém além de nós e o paciente em uma sala, somos responsáveis por cada ato e palavra no seting, e responderemos por eles no decorrer de nossos dias. Não há lugar para hipocrisia. 
Segundo, os tipos de pacientes que nos procurarão serão sempre um reflexo da energia na qual estamos sintonizados, nós os atraímos, já que não há acaso.
Terceiro, a melhor maneira de afiar o nosso principal instrumento é praticar o conhece-te a ti mesmo.Quarto, nunca pense que não tem nada a oferecer, como já disse, nada é por acaso, e se aquele paciente veio te procurar há um motivo. Mesmo que no final acredite ser melhor indicá-lo a outro colega, até isso já é algo a oferecer.
Quinto, não se iluda pensando que não há nada para aprender com um paciente, a arrogância em um psicólogo pode ser sua ruína, pois corta o fluxo e empobrece o solo de onde esurgem os verdadeiros insigths. 
Sexto e mais importante, ame o seu trabalho e ame os seus pacientes (como pacientes é claro!!!) pois o amor é a maior força do universo e deve estar presente em tudo o que fazemos, inclusive no nosso trabalho, e principalmente quando este envolve os sentimentos humanos.

domingo, 12 de setembro de 2010

Adoecer-se e Curar-se - Duas faces da mesma moeda.

Quando comecei a estudar a visão da psique segundo Jung me encantei com a noção de que a doença mental era uma tentativa malfadada de obter a cura. Esta afirmação guarda em seu cerne a idéia de que na verdade o ser humano não procura a doença e sim a cura, a saúde. Os desvios encontrados neste caminho é que conduzem à doença.
Este pensamento também é válido para doenças físicas (se é que há separação entre físico e psicológico e espiritual). Muitas vezes vejo casos quase corriqueiros de pessoas que adoecem a si mesmas. Pessoas que estão sempre correndo todos os dias, que não conseguem recusar compromissos ou delegar tarefas, que por isso dormem pouco se alimentam mal e etc, sempre se negando a ouvir os conselhos dos amigos e os sinais do próprio corpo para parar. E o que acontece? Do nada a pessoa cai doente, e finalmente consegue não fazer nada. Incrível? Nada disso.
Para exemplificar usando um caso extremo, até mesmo aquele que tenta acabar com a própria existência está de fato procurando a cura para a dor insuportável que se tornou a vida. Já ouvi falar de pensamentos materialistas a respeito da existência humana afirmarem que quando a pessoa chega a atentar contra a própria vida é porque de fato compreendeu que a vida é sem sentido. Mas eu sempre achei esta afirmação o cúmulo do desvio na busca da saúde, a doença em mentes que deveriam trazer a cura. Por isso a visão de alguém que acredita no sentido da existência humana jamais poderia pender para este lado. Se tudo faz sentido, então há uma saída. Se refizermos o caminho da doença, pelo mesmo caminho podemos trazer a cura.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Paciência

Paciência é algo sublime. E intuitivamente todos sabem disso. Tanto que a palavra costuma vir quase sempre em expressões como: Santa paciência, Deus me dê paciência e etc. E uma pessoa que é reconhecida como paciente pelos demais, é vista como alguém dotada de uma qualidade superior ainda almejada para os reles humanos medianos.
Creio que estamos no mundo para aprendermos a ter paciência, pois não há algo que seja mais testado no nosso dia a dia do que a paciência, desde a fila no banco até a chegada do amor da sua vida; do nascimento até o fim da dor de um luto; do jardim de infância até a faculdade; do sinal que custa a abrir até a promoção no emprego; do técnico da internet ao telefonema do namorado(a); do esmalte que não seca até o filho que demora a chegar; de ser paciente de um psicólogo até receber um paciente no consultório; da pergunta "O que eu estou fazendo aqui?" até a clareza na consciência que nos permitirá compreender tudo isso.
Até lá haja paciência.
Ou Melhor, aja com paciência.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Criança também é gente.

Quando ouvimos a frase acima logo nos vem a mente a necessidade de considerarmos mais os direitos e as vozes das crianças como pessoas que embora ainda muito jovens, também merecem ser tratadas como gente na plena acepção do termo. Ok, concordo com tudo isso em gênero número e grau. Mas hoje quero analisar esta frase sob outro ponto de vista.
Criança também é gente em todos os pontos de vista, inclusive aqueles que não são positivos. Esta semana chegaram a mim vários casos envolvendo crianças e suas relações com pais, familiares e colegas.
Crianças, guardadas as devidas proporções, estão sujeitas a toda a gama de sentimentos que acometem os adultos. Crianças também são capazes de manipular pais separados, segregar colegas (Bulling) , roubar, fofocar, difamar, manifestar libido deturpada e etc.
Credo!!! Podem pensar alguns que preservam uma imagem excessivamente cândida dos pimpolhos.
É claro que muitas manifestações negativas por parte das crianças vem acompanhada de uma grande dose de ingenuidade, mas ser ingênuo e inocente não deve ser confundido com ser puro e angelical. A imagem exacerbada das crianças como anjos caídos do céu pode prejudicar e muito o relacionamento e a educação, pois os adultos se sentem traídos e decepcionados, não enxergando os fatos com mais imparcialidade e agindo com temperança para corrigir as crianças.
Pais são pais não apenas para prover o sustento, mas principalmente para orientar e reorientar o que as crianças já trazem dentro de si e o que por ventura (ou desventura) é absorvido por ai. E não se assustem com o fato de estar afirmando que as crianças já trazem uma história. A noção de que uma criança apenas vai apresentar aspectos herdados dos pais, seja por convívio ou por genética, é uma sombra do materialismo que negando a vida espiritual teve que afirmar o fato de que todo ser humano nasce como uma folha em branco que será simplesmente moldada pelo meio.
Quando se tem uma visão espiritualista da vida fica fácil compreender que cada pessoa já nasce com uma história, por isso são diferentes. O que a pessoa já traz é unido ao que ela aprende com o meio e isso é o que forma a personalidade. É fácil constatar o quanto até mesmo irmãos gêmeos podem ser diferentes um do outro desde os primeiros dias de vida. Por isso encontramos histórias de pessoas que mesmo crescendo em meio a perversidade conseguem manter a íntegridade. Infelizmente o inverso também é verdadeiro...
Devemos olhar nossos filhos como gente, sem medo, sem sustos, para podermos ajudá-los a se tornarem pessoas melhores. Por isso temos pais, e por isso somos pais.

sábado, 14 de agosto de 2010

O filme "A Origem" e a noção de inconsciente em Jung

Ontem fui ver o filme "A Origem". Estava impedindo que me contassem algo para que me sentisse surpresa ao ver o filme, cujo tema muito me interessa: sonhos. Portanto quem ainda não viu pode ler o post depois.
Não foi muito bem o que eu esperava, mas de fato eu não sei se esperava muita coisa ou se eu apenas esperava que tivesse algo mais a ver com o que realmente considero como sendo a profunda razão e função dos sonhos: a transcendência.
No filme o sonho é mostrado como uma função praticamente restrita a biologia, que devido a profundidade pode influenciar a mente. O sonho dá acesso ao inconsciente, mas apenas se restringe ao inconsciente pessoal, o inconsciente freudiano, no qual são guardados os nossos sentimentos, pensamentos e desejos mais obscuros, difíceis de admitir e lidar. Ele existe? Sim, claro que sim. Mas os sonhos também podem ser mais do que meras reconstruções de fragmentos inconscientes. Tudo depende da visão de ser humano que desejamos expressar. Se queremos passar a idéia de que somos apenas seres biológicos sem transcendência, e que tudo é fruto de fragmentos assumidos ou não, do mundo "real" e nada mais, não há mesmo como sequer vislumbrar que sonhos sejam mais do que foi demonstrado no filme. Os sonhos seriam assim apenas labirintos sem saída, pois não há nada além. É um meio do caminho um morrer na praia, pois seguindo esta visão, ao aprofundar-se em si mesmo só resta ao ser humano se conformar com o fato de que a vida é um beco sem saída e que para a frustrações e os erros não há mais solução.
Realmente. Para quem não vislumbra a capacidade do ser humano transcender a si mesmo, a vida não tem saída. O verdadeiro propósito de aprofundar-se em si mesmo, é encontrar lá o "self" que segundo Jung é o nosso centro mais profundo e que por isso mesmo nos faz transcender toda a realidade limitada que a estreita visão materialista nos impõe.
Os sonhos podem cumprir a função não de nos aprisionar, mas de nos libertar, mostrando que há a nossa volta uma realidade que é maior que nós mesmos, e que nos liga a tudo e a todos.
A noção de inconsciente de Jung não se limita a restos diurnos, o inconsciente em sua forma mais ampla é o gerador da "realidade", da consciência. Segundo o autor, o que chamamos de consciência é um ínfimo pedaço do grande inconsciente que conseguimos assimilar.
A unica questão levantada pelo filme que me chamou a atenção, foi o fato de considerar a possibilidade de que na verdade o nosso mundo possa ser apenas um sonho, uma ilusão. é uma idéia que está no ar e que já foi muito melhor trabalhada em filmes como Matrix. Em Matrix trabalhou-se a noção de "maia", o mundo de ilusão do qual temos que nos libertar para chegar a verdade, é baseado na transcendência espiritual, enquanto A Origem é baseado no caminho que leva a psicose.
Mas os efeitos especiais são bem legais...
Beijos.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Quando nem tudo é como esperamos.

Se você pertence à categoria dos seres humanos, assim como eu, sabe que em algumas ocasiões - para não dizer muitas - as coisas não acontecem exatamente como esperamos ou queremos.
Mas enfim, o que fazer nas horas em que bate o sentimento de que tudo está dando errado, "não foi bem isso que pensei", eu mereço mais e etc?
Bem, vamos por partes:
1- O mais comum é encontrarmos um culpado para a nossa situação. Embora não seja fácil, procure pensar em como você afinal de contas se envolveu com a pessoa em questão, e verá que no final das contas foi uma questão de escolha sua. Se na falta de uma pessoa de carne e osso para culpar estiver culpando Deus, esta é mais furada ainda. Se você já sabe a respeito da existência de Deus, sabe que ele é apenas justo e dá o que cada um merece. Se não pode entender isso é porque ainda não entendeu quem é Deus.
2- Feito isso, você já pode sair da posição de coitado, de vítima, pois como já disse outras vezes, vítima é aquele que não pode fazer nada, que se deixa a mercê dos outros.
3- Repense suas escolhas. Se somos responsáveis por nossos atos, não somos coitados. E se fizemos escolhas erradas que nos fizeram sofrer, podemos também fazer escolhas melhores que nos darão bons frutos.
4- Se estivermos falando de situações irreversíveis como a morte, procure se conformar e aprender mais a respeito dos eternos ciclos de morte e vida do qual não podemos fugir. Se não for, acredite que tudo tem jeito. E se não é do jeito que queremos, talvez não estejamos enxergando muito a respeito do que realmente precisamos.
5- Sempre aprenda com o que deu errado para não sofrer novamente. Toda situação difícil guarda em si uma lição valiosa, se não a compreendemos ela terá que voltar.

sábado, 24 de julho de 2010

Sonhos 2

Desculpem a demora, mas antes tarde do que nunca, voltarei a falar um pouco e respeito dos sonhos.
didaticamente, podemos entender que existem 3 tipos de sonhos, o que facilita o seu entendimento.
Existem sonhos que se resumem a resquícios da vida em vigília, da nossa vida diurna. Coisas das quais não conseguimos nos desligar, como contas para pagar, provas, notícias ruins, uma viagem muito legal e etc. Não há muito o que interpretar.
Um outro tipo diz respeito basicamente aos nossos processos psíquicos individuais, são mensagens enviadas de nós para nós mesmos, do inconsciente para o consciente a respeito de sentimentos e processos profundos muitas vezes desconhecidos ou propositalmente ignorados. Podem também funcionar como verdadeiros bálsamos curativos, realizando em um outro plano desejos e necessidades psicológicas que não estão sendo supridas no dia a dia. Uma pessoa carente de amor ,por exemplo, pode sonhar que recebe um abraço da natureza, de uma pessoa desconhecida ou algo parecido.
As duas primeiras categorias tem em comum o fato de serem fruto quase exclusivo da nossa psique individual.
E temos também aqueles sonhos que assim por bem dizer, não são apenas fruto da nossa psique, são mensagens captadas de uma outra outra esfera, o inconsciente coletivo, que podem trazer em sonhos fenômenos como premonições, conhecimento de fatos que ocorrem enquanto estamos dormindo, mensagens recebidas de um ente falecido e etc.
Obviamente nem todos acreditam que este terceiro estágio possa de fato ocorrer, preferindo ficar apenas com os dois primeiros casos. O que ao meu ver restringe bastante a compreensão deste fenômeno tão rico. Observar o sonho em várias esferas, nos mostra o quanto podemos ser únicos e ao mesmo tempo em que fazemos parte de um todo.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sonhos

"Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda"
C. G. Jung
Esta é uma das frases mais famosas de Jung, e o assunto sonho possui vários desdobramentos, dos mais práticos aos mais filosóficos. É um dos mais fantásticos e intrigantes fenómenos psíquicos, e sem dúvida alguma a principal via de comunicação entre o inconsciente e o consciente, daí vem o seu encanto. Como muitas pessoas adoram saber coisas a respeito dos sonhos, este será a primeira de algumas portagens sobre o assunto.
O sonho é vida.
Muitas vezes pode parecer que tudo está parado na vida. A pessoa sente que nada acontece, nada anda. Mas muitas vezes, uma vida consciente parada pode ocultar uma imensa atividade psicológica. O que nos indica este processo é o que ocorre quando estamos dormindo. Nossos sonhos podem revelar toda uma gama de sentimentos e aprendizados intensos que adquirimos com as vivências da vigília, que são finalmente assimiladas no inconsciente e demonstradas durante o sono. Os sonhos mais do que simplesmente trazerem à tona o que ocorre conosco internamente, são uma rica fonte de alimento psicológico e espiritual, quando o afeto e a esperança não estão tão abundantes. Durante os sono nossa energia física e espiritual pode ser recarregada, nos fornecendo algum suprimento para os momentos em que enfrentamos travessias no deserto.
Por isso procure lembrar dos seus sonhos. É mais fácil do que você imagina.
Todas as noites, quando estiver quase adormecendo, diga para você mesmo "Eu quero lembrar dos meus sonhos quando acordar" No inicio provavelmente você lembrará de alguns fragmentos, não os despreze, dê atenção a eles e os anote assim que acordar, isso é muito importante. Aos poucos verá que consegue lembrar de pedaços cada vez maiores, até que enfim lembrá de um ou mais sonhos inteiros.
Tenha sempre ao lado da cama um caderninho em espiral já aberto em uma folha em branco e uma caneta com a qual você possa escrever mesmo deitado. Na maior parte das vezes os sonhos podem se perder assim que começamos as tarefas do dia.
Depois eu explico melhor como isso acontece.
Bons sonhos.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Ser humano sem sombra é ser humano sem luz

A palavra sombra nos assusta. Eu compreendo. Mas negá-la é como não querer admitir a própria natureza humana. Por este motivo, o estudo da sombra está dentre as observações mais relevantes de Jung a respeito da psique, a alma. A sombra para Jung é muito mais que um mero aglomerado de conteúdos indesejáveis, é o oposto complementar da luz, que só adquire sentido quando se conhece o escuro. Jung só foi capaz de perceber a realidade da sombra porque pensou o ser humano como possuidor de luz e transcendência.
E embora a sombra guarde conteúdos indesejáveis, conhecê-la e assimilá-la é vital. Quando pararmos com a infrutífera tarefa de fugir dela a todo custo, talvez possamos vê-la não mais como perseguidora, mas como uma companheira na nossa caminhada, que tem muito a nos mostrar sobre nós mesmos. E quando lhe damos ouvidos, nos damos a oportunidade de transformar o que precisa ser transformado, e deixamos de sabotar nosso próprio destino.
Mesmo que não queiramos olhá-la, a sombra está e estará sempre lá. Ainda bem! Pois ser humano sem sombra é ser humano sem luz. No mundo dos espíritos que habitam o planeta, corpos só não projetam sombra se estiverem em completa escuridão.
Assim na terra como na psique...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Uva não tem caroço, manga não tem fiapo e gente não tem problemas.

Hoje eu estava tentando fazer meu filho experimentar um tipo diferente de uva, ele, reticente, disse que só comia se fosse sem caroço. Imediatamente me lembrei das uvas da minha infância e todas tinham caroço, e nem por isso me pareciam menos gostosas que hoje em dia, assim como as fiapentas Mangas Carlotinhas que eu tirava diretamente do pé e enchiam os meus dentes de fiapo, o que incentivava o uso do fio dental. Dava trabalho sim, mas e daí? Era aproveitar a vida e a natureza com tudo o seu sabor, sabendo lidar com o que vinha junto. Afinal de contas, uma das coisas mais belas nas frutas é o fato de conterem sementes, o que as faz parte de um ciclo completo de morte / renascimento e renovação.
Hoje em dia existem os produtos transgênicos, que não dão sementes, e as frutas são alteradas de tal forma a perderem as suas principais características, importando apenas o consumo em si, sem conexão alguma com a natureza. Já não nos basta não colhermos a fruta do pé, mas sim da gôndola dos supermercados, agora as frutas são semi mortas mesmo, já não carregam dentro de si a vida. Como uma mulher estéril apenas destinada a ser uma gostosona a ser consumida por ávidos olhares masculinos. Ela não pode gerar, pois podem ficar as estrias, e se geram têm medo de amamentar, pois os seios podem cair...
As pessoas não podem mais vivenciar tristezas que as fazem crescer, para isso temos antidepressivos cada vez mais poderosos. E principalmente os relacionamentos tem que ser perfeitos, como em um comercial de televisão ou a capa da revista de fofocas, sendo abandonados no primeiro obstáculo. Afinal de contas, acha-se outro em qualquer esquina mesmo, nas gôndolas das casas noturnas, no consumismo descontrolado dos ficantes de uma noite.
Mas lembrem-se: Uvas sem caroço e mangas sem fiapos costumam ter pouco sabor e também podem estar podres por dentro.

terça-feira, 1 de junho de 2010

A ilusão da imparcialidade.

Existem momentos em que eu gostaria de acreditar que o lugar do psicólogo é o da tão almejada imparcialidade. Seria muito fácil crer que em terapias nas quais nos posicionemos apenas como ouvintes meneando a cabeça de vez em quando ajudassem alguém. Obviamente um psicoterapeuta não está no lugar de dizer ao paciente o que deve ou não ser feito, mas isso é bem diferente de não se colocar de forma mais clara frente a questões que realmente farão diferença na vida de alguém. E isso faz com que a responsabilidade do tratamento, da profissão escolhida se apresente com toda a sua beleza e todos os seus riscos, sem floreios, sem a ilusão, sem aquela peneira da imparcialidade na qual alguns costumam se esconder quando o calor do sol aumenta muito.

Como dizia o velho Jung, o relacionamento de duas psiques, de dois seres humanos, é o que move a terapia.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mães suportam não serem amadas sempre.

Como derradeira postagem do mês de maio ainda dedicada as mães, quero lembrar que um dos maiores exercícios de ser mãe é agüentar não ser amada. Sim, porque mãe que é mãe de verdade e ama o seu filho tem que agüentar não ser amada.
Quase todo mundo que tem filhos já ouviu um sonoro “EU TE ODEIO!” ou “VOCÊ É A PIOR MAE DO MUNDO!” e a lista é longa...
Mãe que é mãe protege de algo que o filho não vê. Mãe que é mãe diz não corrige e dá limites.
Mãe que é mãe suporta não ser amada por puro ato de amor. E depois diz a famosa frase que nenhum filho que ainda não tem filhos entende: “Doeu mais em mim do que em você.”
É verdade...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O “kit” mãe.

Algumas mães não percebem, mas quando os filhos nascem, levamos para casa não apenas a criança, mas existe todo um pacote de bônus interativo e brindes que jamais imaginaríamos. É uma verdadeira compra casada.
Neste kit vem a culpa. De inicio a mãe não sabe para que serve, nem vê. Mas no primeiro choro não sanado e ou fralda não trocada, irá usá-la.
A grande maioria das mães quer ser uma mãe perfeita, melhor do que a que ela teve. E é claro, como nenhum ser humano é perfeito, e até onde eu sei todas as mães são humanas, o resultado da equação é que não existe mãe perfeita. QUE BOM! Isso mesmo. Alegrem-se e consolem-se amigas.
Na postagem passada estava falando do pensamento de Winnicott, a respeito da mãe ideal ser a suficientemente boa.
É o seguinte: mãe ideal não é aquela que nunca deixa furo, pois assim a criança não tem espaço para crescer. A mãe ideal é aquela que em sua humanidade, mesmo querendo fazer o melhor comete erros, pois estas são as grandes oportunidades que a criança tem de se virar e crescer.
Esta frase tem salvado muitas mães da auto-condenação eterna. Espero que também lhe seja útil cara leitora.
E feliz dia das mães.

domingo, 2 de maio de 2010

Os pólos extremos do lugar materno

Antigamente havia definições bem mais rígidas para os papéis sociais exercidos por homens e mulheres, principalmente no que se refere ao cuidado dos filhos. Boas mães eram aquelas que se dedicavam exclusivamente a criação da prole, abdicando de toda e qualquer aspiração profissional. Era até mesmo raro que uma mulher tivesse nível superior. Para que não é mesmo... As mulheres que não se encaixavam neste modelo e que aspiravam uma vida que não fosse restrita aos cuidados da casa não eram muito bem vistas.
Hoje os tempos mudaram. Uma mãe padrão é aquela que estuda, se forma (ou não), trabalha e se desdobra entre a carreira e os filhos. Sim, pois hoje em dia não toleram mulheres que “não fazem nada” “apenas cuidam dos filhos” não contribuindo para a sociedade e se empobrecendo como pessoas..
Como dizia Jung, o mundo é feito de pares de opostos, e os seres humanos quase sempre revezam entre um pólo e outro sem que seja alcançado o almejado equilíbrio. Nas situações descritas acima mudaram apenas os pólos. Nenhuns dos dois modelos garantem mães melhores e mais felizes, justamente por serem impostos de fora para dentro, e não fruto das necessidades do âmago da organização de cada família, da maneira de cada mulher dar conta dos seus deveres e aspirações. Quando se reprova um comportamento se esta apenas invertendo o preconceito. Extremismo e rigidez apenas geram preconceito. O preconceito que se tinha antigamente com mulheres que não se restringiam aos limites do lar agora se lança implacável contra as mães de hoje que decidem ficar em casa com os filhos.
Eu tenho duas grandes amigas que fizeram esta opção. Opção sim, pois são mulheres de classe media alta do Rio, inteligentes, bonitas, instruídas que escolheram ter 4 filhos (cada uma) ao invés de focarem suas carreiras. Obviamente estão com maridos que avalizam a escolha, mas até por isso são criticadas as vezes “pois aonde já se viu ser sustentada pelo marido?” Muitos homens atualmente também inverteram os pólos: antigamente proibiam as mulheres de trabalhar, e hoje ouço casos em que o marido exige que a “encostada” coloque dinheiro em casa também.
Para as minhas amigas que costumam ser vistas como aberrações quando se dizem mães de 4 filhos eu sugiro que digam sempre que tem 4 vezes mais felicidade em casa. E embora a minha própria opção tenha sido diferente, eu as admiro pela capacidade de doação e pela coragem de ir contra um modelo imposto pela sociedade, uma coragem tão grande quanto à das mulheres de antigamente que se deram ao direito de ir alem dos limites domésticos.
Qualquer discurso que nao leve em conta o particular está fadado ao fracasso. O que de fato importa é a capacidade de ser uma mãe “suficientemente boa” como amorosamente dizia Winnicitt.. Que cada uma de nós tenha o direito e o espaço de se tornar o que é. Este é o sentido principal do processo de individuação, como dizia Jung.

domingo, 18 de abril de 2010

Os cactos.

Estive esta semana no Jardim Botânico do Rio de Janeiro e fiquei um bom tempo observando o lugar dedicado aos cactos. Era curioso estar lá, pois eu sou uma grande admiradora de vegetações exuberantes com árvores altas e frondosas. Mas não pude deixar de me sentir tocada pelos cactos e as mensagens que me passavam. Eles crescem em lugares desolados e áridos demonstrando força e coragem que em muito supera outras belas espécies. Uma vez ultrapassados os espinhos (como não ter espinhos crescendo em lugares tão inóspitos?) pode-se saciar a sede com as águas que vão buscar nas profundezas e guardam em seu interior macio. E não raro ainda nos oferecem belas e delicadas flores.
As plantas realmente têm muito a nos ensinar.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O real.


Assistindo recentemente ao filme “Quem somos nós” percebi o tanto que me agrada a frase de um físico que diz “Hoje para mim, o que eu pensava ser irreal e muito mãos real do que o que eu antes pensava ser real”. Esta frase me remete a outro filme: Matrix.
Quer dizer que quanto mais nos aprofundamos em realmente querer pensar e descobrir o que estamos fazendo aqui, encontraremos uma realidade outra, mais ampla, que de fato abarca essa nossa vida racional, o que os olhos físicos alcançam. É também a mesma idéia que inspirou Jung a afirmar que o inconsciente não é fruto do consciente como postulou Freud, mas sim a origem da consciência, que não é nada mais nada me nos que uma pequena parcela do inconsciente que nossa tacanha percepção física consegue assimilar. Willian James também já havia percebido algo parecido, e chamou a realidade mais ampla de região subliminar. E bem antes deles outro grande pensador, Platão, com seu mito da caverna já nos dizia que provavelmente a realidade é muito mais ampla do que aquilo que podemos perceber.
Fica no ar a pergunta: Por que apenas alguns conseguem perceber tais coisas?
É preciso coragem e humildade para admitir que nada se sabe e deixar entrar o novo

quinta-feira, 25 de março de 2010

O confessionário.

Caros leitores, ouvi ontem uma comparação no mínimo interessante a respeito do meu trabalho clinico.
Quando atendia um paciente começamos a conversar a respeito de religião, já que há pouco tempo tinha ido a uma missa após longo período sem fazê-lo. Conversando a respeito dos seus pensamentos a respeito dos preceitos da igreja católica chegamos à confissão e ele prontamente me disse: “Para que falar com o padre, eu já venho aqui e confesso tudo o que eu faço para você”.
Pegou-me de surpresa e não contive o meu riso, mas na verdade a afirmativa do paciente dá margem a muitos pensamentos.
Creio que guardado todo o respeito que os rituais de todas as religiões merecem, sinto que esta pessoa em questão que se identifica como católica, pois foi batizada lá, não identifica a confissão como algo que de fato vá redimi-la de seus pecados, não é sentida como um ato sagrado. Logo, um espaço aonde possa se abrir de modo franco e seguro com alguém que o ajude a pensar a respeito de suas próprias palavras já é o equivalente a estar se redimindo de seus atos. De certa forma sim, mas calma...
Algumas pessoas poderiam erroneamente concluir que a terapia foi alçada ao patamar de algo sagrado, comprovando que a religiosidade já não se faz necessária. Mas na verdade não creio nisso. Seria uma armadilha do orgulho.
Eu penso que na verdade as pessoas carecem de espaços e rituais nos quais possam realmente sentir o sagrado, a transcendência. Não é uma questão de fé, mas sim de conhecimento e sentimento da Força Superior da Natureza que nos rege. Precisamos restabelecer as vias que nos conectam ao nosso real contato com o sagrado.
Deus pode estar em tudo o que realizamos inclusive terapia, mas é muito mais que isso.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Aos meus amados Patinhos Feios


Amo os Patinhos Feios que tem aparecido no meu consultório.
Chegaram – não por acaso, pois como vocês sabem eu não acredito em acaso- em ninhos estranhos e ao nascerem não são reconhecidos e nem reconhecem os que o cercam como familiares.
Estes pequenos cisnes às vezes fazem de tudo para serem desajeitados como patos, escondem a sua graça, pois a percebem como estranheza.
A sua superioridade tamanha na maneira de ver e encarar o mundo, seus sentidos extremamente mais aguçados - vendo coisas que os patos não vêem, escutando coisas que os patos não ouvem - mostram o grau de evolução de seus espíritos.
Amados jovens cisnes, a cada sessão me alegro por ver que estão indo na direção do lar que lhes deu origem, mesmo que ainda não possam perceber onde vai dar o final da estrada, e que por isso sintam medo.
A todos os Belos Cisnes que ainda não abriram suas asas. Nunca desistam de procurar os seus semelhantes e realizar o seu belo propósito de ser no mundo.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O dinheiro e a faca

Quando ouvimos a palavra faca, a associamos quase que imediatamente a elementos relacionados a perigo ameaça e violência. Mas pensemos com mais carinho na faca, e veremos que se trata de um valiosíssimo instrumento, que pode garantir a sobrevivência em uma floresta, cortar amarras, passar a manteiga no pão, auxiliar na confecção de outros instrumentos e etc.
O Dinheiro se parece com a faca. Embora um tanto cobiçado, as emoções a ele relacionadas costumam remeter quase que imediatamente ao perigo - real - de corrupção e se deixar escravizar pelo desejo de tê-lo, passando a ser possuído por ele. Uma espécie de escravidão. Muitas pessoas desenvolvem medo do dinheiro, assim como da faca.
Esta semana três jovens que estavam em profundo questionamento a respeito do rumo que precisam tomar profissionalmente na vida - ao mesmo tempo em que emergiam como seres espirituais - apontaram a escravidão pelo dinheiro como algo a ser evitado a todo custo, como algo que certamente os afastaria das coisas que agora eles percebem mais claramente como essenciais na vida, como o bom relacionamento consigo mesmo, com o próximo e fazer algo não só por dinheiro, mas por amor.
Ok, eles têm razão. Mas apontei que na verdade eles não estavam criticando o dinheiro em si, e sim a mentalidade de consumo e falta de valores que infelizmente estão estampadas massivamente na mídia e reverberam nos lares como os principais valores a serem perseguidos, (como foi colocado pela postagem abaixo).
Mas o dinheiro em si é como a faca, um instrumento que obedecerá a mão de seu mestre. Portanto não temos que renegar o dinheiro, e sim aprender a tê-lo para não sermos tidos por ele. Para isso podemos reforçar nossos caráter e valores.
Fazer o que se que se ama e colocar este talento a serviço da evolução espiritual, nossa e dos outros, não significa não ganhar dinheiro, muito pelo contrário: na maior parte das vezes quando descobrimos a nossa verdadeira vocação e colocamos nossos dons com amor no mundo, o dinheiro virá como conseqüência natural, e saberemos como usá-lo de maneira construtiva.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

STATUS QUO

Ontem, estive conversando com uma amiga a respeito da busca desenfreada de alguns por viverem muito acima do padrão que efetivamente podem, o que acarreta num grande empobrecimento subjetivo, já que gastam uma imensa energia interna na manutenção da "fachada subjetiva", energia esta que poderia estar sendo utilizada justamente para o entendimento do porquê dessa necessidade irreal.
Por outro lado, acredito mesmo que temos de vislumbrar bons horizontes para nós, mas existe aí uma tênue diferença entre almejar algo genuíno, independente do que a sociedade dita, a ficar obedecendo interiormente as demandas externas do capital.
Então, podemos recorrer a inúmeros casos na literatura mesmo, de grandes personalidades que nasceram muito pobres e chegaram a ter um lugar reconhecido no mundo. Entretanto, dificilmente você verá que este era o objetivo primeiro dessas pessoas, ou seja, a fama veio depois, mais como reconhecimento do trabalho realizado, adjetivando o brilhantismo do ser.
Assim, pode ser útil pensarmos no que estamos querendo para os nossos filhos, por exemplo, quando ficamos sujeitos a conversar mais sobre o tema financeiro do que sobre valores reais dentro de nossa própria casa. Só assim eles poderão entender onde é que mora o real valor da vida.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Deboche

Há uma espécie de humor que realmente não pode ser bom. Falo de uma tal "ironia fina", onde o próprio adjetivo "fino" parece mesmo um deboche, já que ironia não tem graça e muito menos elegância para ser acompanhada de adjetivo.
Ainda que caiamos em alguma brincadeirinha canhestra que gere piadinhas de mau gosto, é sempre bom estarmos mais alertas em relação ao tema.
Eu mesma, por tantas vezes, já fui vítima e algoz do deboche. Já servi e já fui servida com o que não presta.
Há uma semana atrás, por exemplo, perdi a oportunidade de ficar calada e fiz uma "observação salgada" com um colega que me gerou grande sofrimento e um pesadelo noturno. Tudo isso foi muito sem graça.
Freud falou do humor como algo necessário e vital, amenizador de tensões psiquícas.
É realmente uma dádiva podermos ser, dentre os seres existentes, os únicos possuidores da capacidade de fazer humor. Os macacos, por exemplo, sorriem, mas quem vê graça nisso somos nós.
Então, vamos combinar assim, da próxima vez vamos usar nossa sublime faculdade como algo construtivo, gerador do prazer de viver, ok?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O nosso lugar

Hoje me deparei com uma cena no mínimo interessante. Na livraria de um shopping observei uma mãe com dois filhos: um de uns 4 anos, outro de uns 8 e uma babá. Em dado momento o filho mais novo pediu algo a mãe, não obtendo o desejado chutou-a . Diante do acontecido a mãe nada fez, continuou desfilando por entre as prateleiras. Imediatamente o mais velho surgiu e empurrou o mais novo no chão dizendo: Não bate na mamãe! A mãe continuou de costas fingindo que nada acontecia, ou pior, se afastava cada vez mais fazendo questao de não ver o mais novo aos prantos esticado no chão da livraria. A babá também só observava. Lá pelas tantas disse tranquilamente ao mais velho: Vai dar a mão para o seu irmão que ele está assim por sua causa. Senti a dor não tanto do mais novo, que chorava copiosamente, mas daquele mais velho, deixado ao encargo de dar limites ao irmão mais novo e recebendo mensagens duplas da mãe que o culpou por tomar alguma atitude, que de fato caberia a ela. Quantas vezes nos negamos a ocupar o nosso verdadeiro lugar na vida? Penso que devemos nos empenhar em cumprir verdadeiramente as nossas funções, mesmo que isto demande algum desgaste, mesmo cientes de que ainda assim não alcançaremos a perfeição, mas ao menos sempre plantando bons frutos. Os frutos da indiferença costumam ser um tanto amargos.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Deus Pai.

Jung foi um dos poucos pensadores a perceber que a psique humana assim como tudo na natureza funciona de modo polarizado. Somos sempre regidos pela tensão que estabelece entre os opostos, tendendo para um lado, para o outro, e sempre buscando o equilíbrio.
Os opostos complementares são: masculino e feminino, alto e baixo, mal e bem e assim por diante. Via que somente com o conhecimento da sombra se poderia saber o que é a luz, logo, os opostos considerados negativos também são essenciais e intrínsecos ao desenvolvimento do mundo humano. Mas o universo polarizado não é uma coisa muito fácil de compreender.
Certa vez Jung recebeu uma carta de um leitor que em suma dizia que Jung complicava muito a noção de Deus, que não era preciso pensar tanto e tecer tantas elucubrações, pois afinal de contas tudo se resumia a verdade: “Deus é Amor”.
Obviamente este simplismo enervou Jung, justo ele que tanto tempo dedicara – a vida toda – a compreensão de Deus, indo contra a fé cega de seu pai, um pastor, acreditando que só é possível entender realmente a existência de uma força maior através do conhecimento, da gnose. O que o fez proferir mediante a pergunta “O senhor acredita em Deus?” a celebre afirmação “Não. Eu sei de Deus”.
O leitor que enviou a carta dizendo que Deus é amor, não estava errado, é claro que Deus é amor. Porem, o que você compreende como amor de Deus? O Amor é o supremo bem, sim. Mas o supremo bem também é a suprema justiça, e a justiça nem sempre se evidencia em atos benevolentes. Afinal de contas onde estaria Deus naquela hora em que mais precisávamos e nos sentimos abandonados e injustiçados?
Uma paciente me fez esta pergunta esta semana e eu me lembrei que como costumamos denominar Deus como o Pai, o melhor exemplo seria justamente o de um pai amoroso.
Como bem sabemos em psicologia, o pai costuma ser aquele que coloca os limites, e não apenas impede as frustrações. Quando uma criança em nome da educação recebe o limite, ou seja, a frustração de seus desejos e expectativas, costuma se irritar, achar que o pai foi injusto, quiçá um monstro! Podendo proferir a terrível frase “Eu te odeio”. A criança se aborrece por julgar o pai apenas com a sua visa o de mundo, acreditando que pode compreendê-lo. Mas obviamente não pode... Apenas quando cresce, e consegue ter uma visão mais vasta pode finalmente enxergar que ele queria o seu bem, e que nunca deixou de amá-la.
Qual será mesmo a nossa idade?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Filme bom

Vi "Onde Vivem os Monstros" duas vezes. Filme supostamente infantil, para quem gosta de cinema intimista, dentro de uma temporalidade bem reflexiva.
Gostei.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Tudo Tem Seu Tempo
Estava relendo o livro "Sidarta" de Herman Hesse e, como não poderia deixar de ser, sentindo o bálsamo das palavras ali contidas.
Um dos grandes ensinamentos dessa leitura incide sobre a máxima, aprendida pelo personagem principal com um sábio, que versa sobre a necessidade de sabermos pensar, esperar e jejuar diante de alguns impasses que, às vezes, estamos sujeitos a vivenciar.
Pensar, debruçar sobre uma situação e poder contemplá-la em nosso íntimo.
Esperar, ter paciência para poder ouvir o que enuncia nosso coração, a fim de que tomemos a melhor vereda.
Jejuar, guardar-se em silêncio, abster-se da reação imediata, da voracidade dos ímpetos.
Pois é, encontrei serenidade com essas palavras.
Alguns livros tem esse poder de nos oferecer respostas. É o Divino Verbo em ação. Basta que mantenhamo-nos abertos e alertas para recebermos.
Simples.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Renascer

Primeiro dia útil do ano... Sinto que de fato 2010 se inicia! E sim, tenho as mesmas esperanças de um ano maravilhoso que há de vir, realizando sonhos que não couberam no ano anterior.
Você amigo leitor poderá pensar assim: “Mas todo ano é a mesma coisa, muda o ano e não significa que alguma coisa de fato vá mudar em nossas vidas apenas porque rasgamos o outro calendário.”
E sim, é verdade. Concordo. Não é o simples fim de Dezembro e inicio de Janeiro que faz com que tudo mude, a renovação não mora em datas, mas mora em nós.
Cada ano que se inicia serve para nos lembrar que dentro de nós existe sempre a oportunidade eterna da renovação. A vida de fato recomeça a cada dia em que abrimos os olhos, mas a maioria parece não saber disto, então dou graças a Deus que todo ano termine para que outro recomece, para lembrar-nos que a natureza sagrada trabalha em ciclos de morte e renascimento, e nossas vidas existem dentro dela.
Que a força da criança divina que renasceu esteja presente nos espírito de todos nós. Feliz 2010.