sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mães suportam não serem amadas sempre.

Como derradeira postagem do mês de maio ainda dedicada as mães, quero lembrar que um dos maiores exercícios de ser mãe é agüentar não ser amada. Sim, porque mãe que é mãe de verdade e ama o seu filho tem que agüentar não ser amada.
Quase todo mundo que tem filhos já ouviu um sonoro “EU TE ODEIO!” ou “VOCÊ É A PIOR MAE DO MUNDO!” e a lista é longa...
Mãe que é mãe protege de algo que o filho não vê. Mãe que é mãe diz não corrige e dá limites.
Mãe que é mãe suporta não ser amada por puro ato de amor. E depois diz a famosa frase que nenhum filho que ainda não tem filhos entende: “Doeu mais em mim do que em você.”
É verdade...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O “kit” mãe.

Algumas mães não percebem, mas quando os filhos nascem, levamos para casa não apenas a criança, mas existe todo um pacote de bônus interativo e brindes que jamais imaginaríamos. É uma verdadeira compra casada.
Neste kit vem a culpa. De inicio a mãe não sabe para que serve, nem vê. Mas no primeiro choro não sanado e ou fralda não trocada, irá usá-la.
A grande maioria das mães quer ser uma mãe perfeita, melhor do que a que ela teve. E é claro, como nenhum ser humano é perfeito, e até onde eu sei todas as mães são humanas, o resultado da equação é que não existe mãe perfeita. QUE BOM! Isso mesmo. Alegrem-se e consolem-se amigas.
Na postagem passada estava falando do pensamento de Winnicott, a respeito da mãe ideal ser a suficientemente boa.
É o seguinte: mãe ideal não é aquela que nunca deixa furo, pois assim a criança não tem espaço para crescer. A mãe ideal é aquela que em sua humanidade, mesmo querendo fazer o melhor comete erros, pois estas são as grandes oportunidades que a criança tem de se virar e crescer.
Esta frase tem salvado muitas mães da auto-condenação eterna. Espero que também lhe seja útil cara leitora.
E feliz dia das mães.

domingo, 2 de maio de 2010

Os pólos extremos do lugar materno

Antigamente havia definições bem mais rígidas para os papéis sociais exercidos por homens e mulheres, principalmente no que se refere ao cuidado dos filhos. Boas mães eram aquelas que se dedicavam exclusivamente a criação da prole, abdicando de toda e qualquer aspiração profissional. Era até mesmo raro que uma mulher tivesse nível superior. Para que não é mesmo... As mulheres que não se encaixavam neste modelo e que aspiravam uma vida que não fosse restrita aos cuidados da casa não eram muito bem vistas.
Hoje os tempos mudaram. Uma mãe padrão é aquela que estuda, se forma (ou não), trabalha e se desdobra entre a carreira e os filhos. Sim, pois hoje em dia não toleram mulheres que “não fazem nada” “apenas cuidam dos filhos” não contribuindo para a sociedade e se empobrecendo como pessoas..
Como dizia Jung, o mundo é feito de pares de opostos, e os seres humanos quase sempre revezam entre um pólo e outro sem que seja alcançado o almejado equilíbrio. Nas situações descritas acima mudaram apenas os pólos. Nenhuns dos dois modelos garantem mães melhores e mais felizes, justamente por serem impostos de fora para dentro, e não fruto das necessidades do âmago da organização de cada família, da maneira de cada mulher dar conta dos seus deveres e aspirações. Quando se reprova um comportamento se esta apenas invertendo o preconceito. Extremismo e rigidez apenas geram preconceito. O preconceito que se tinha antigamente com mulheres que não se restringiam aos limites do lar agora se lança implacável contra as mães de hoje que decidem ficar em casa com os filhos.
Eu tenho duas grandes amigas que fizeram esta opção. Opção sim, pois são mulheres de classe media alta do Rio, inteligentes, bonitas, instruídas que escolheram ter 4 filhos (cada uma) ao invés de focarem suas carreiras. Obviamente estão com maridos que avalizam a escolha, mas até por isso são criticadas as vezes “pois aonde já se viu ser sustentada pelo marido?” Muitos homens atualmente também inverteram os pólos: antigamente proibiam as mulheres de trabalhar, e hoje ouço casos em que o marido exige que a “encostada” coloque dinheiro em casa também.
Para as minhas amigas que costumam ser vistas como aberrações quando se dizem mães de 4 filhos eu sugiro que digam sempre que tem 4 vezes mais felicidade em casa. E embora a minha própria opção tenha sido diferente, eu as admiro pela capacidade de doação e pela coragem de ir contra um modelo imposto pela sociedade, uma coragem tão grande quanto à das mulheres de antigamente que se deram ao direito de ir alem dos limites domésticos.
Qualquer discurso que nao leve em conta o particular está fadado ao fracasso. O que de fato importa é a capacidade de ser uma mãe “suficientemente boa” como amorosamente dizia Winnicitt.. Que cada uma de nós tenha o direito e o espaço de se tornar o que é. Este é o sentido principal do processo de individuação, como dizia Jung.