domingo, 22 de janeiro de 2012

Evolução tecnológica e as metáforas de Deus

Como já dizia Jung o ser humano só pode conhecer deus através da sua própria capacidade de imaginá-lo. Um homem só percebe Deus partindo da sua própria capacidade de apreender e compreender o que é o sagrado. Quando imaginamos, literalmente criamos uma imagem, logo o que temos na verdade é a imagem de Deus. Pode parecer obvio, mas esta afirmação fez com que Jung ficasse em situação difícil tanto com cientistas céticos quanto com teólogos crentes. Uma mesma afirmação o fez ser taxado de ateu por dizer que Deus é uma imagem, e de místico anticientífico  por falar a respeito da importância da imagem de Deus para a psique humana. Tamanha façanha só foi possível graças ao mesmo sentimento, o orgulho: De uns acreditando ser possível a mente humana apreender a totalidade de um ser concebido como superior, e outros por não acreditarem existir qualquer coisa superior para conhecer.
Mas enfim, o que eu quero dizer é que uma comprovação da afirmação junguiana é o fato das metáforas utilizadas para definir Deus, que está intimamente ligada ao grau de avanço da humanidade.
Na época cartesiana, quando o relógio era a maior invenção jamais vista, uma máquina capaz de dominar algo que era dado apenas pela natureza, o homem se sentiu Deus porque podia ser um relojoeiro, logo, Deus era um grande relojoeiro, e o universo uma máquina!
Nos dias de hoje, com avanços tecnológicos e a descoberta do mundo e do tempo virtual - praticamente o domínio de uma outra dimensão! - A metáfora mais adequada a Deus é a de um grande programador, não apenas um construtor.
Interessante não! quando nos sentimos mais evoluídos materialmente nossas concepções do sagrado também podem mudar. Quem não vê o mundo partido  pode compreender que de diversas maneiras o mundo espiritual está ligado ao mundo material.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Espiritualidade e estudo científico da mente: um novo tabu a ser superado

Antes de tudo, Oi, faz tempo que não escrevo, mas voltei animada. Bem, hoje quero fazer uma reflexão a respeito de ensino acadêmico e tabu. Tive uma grata surpresa ao assistir no youtube uma palestra em que um neurocientista de São Paulo, Sérgio Felipe de Oliveira, um estudioso a respeito da glândula pineal, falava abertamente a uma platéia de estudantes de medicina a respeito da espiritualidade e sua interação com as estruturas mentais orgânicas. Nossa, fiquei feliz. Era mais um quebrando um antigo tabu acadêmico. "Em campos científicos é proibido falar de espiritualidade", e se alguém fala, todos se entreolham tímidos, vermelhos, desconcertados, pensado"Será que podemos falar de coisas assim neste lugar?" Antigamente estas reações eram causadas por assuntos como o sexo em um ambiente público. E hoje, devido a inegável importância psíquica da sexualidade (devemos isso a Freud) assuntos ligados a ela, muitas vezes em matizes que vão do natural ao escabroso são comentados com enorme liberdade. Ok, isso realmente é bom. Mas porque será que a espiritualidade é um novo tabu a quebrar? Eu digo porque. Quando a sexualidade era rejeitada como componente psíquico, muitos o faziam por medo e rejeição dos seus próprios conteúdos, era algo apresentado de forma nova do que era até então concebido, muito mais profundo. E a com a espiritualidade está acontecendo a mesma coisa. Não estamos falando de dogmas metafísicos ligados a alguma doutrina religiosa apenas, estamos falando, em paralelo com a física tudo é energia, e que assim sendo, o ser humano tão pouco é um ser material apenas. E isso assusta e mete medo. Da mesma forma que abrimos lugar para a sexualidade como importante componente do funcionamento psíquico (mas não o único ), vamos abrir também nossas mentes para o desconcertante fato de que se mesmo a ciência experimental diz que a matéria não existe como entidade concreta, me parece muito lógico pensar em um ser humano como ente espiritual.