terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Aonde mora o sagrado? Reflexões a respeito dos filmes "As aventuras de Pi" e "O Impossível".

Longe de mim querer estragar surpresa contando fim de filme, portanto, se você não viu um destes filmes, veja e leia depois. Os dois valem a pena.
Mas se você é como eu, que ouve o fim do filme e assim mesmo vai ver, pode continuar lendo.
Estes dois filmes falam a respeito de uma das mais respeitosas e misteriosas forças a serviço da natureza: o mar. O mesmo mar que acalenta nossos desejos de férias paradisíacas pode se tornar implacável e avassalador. É assim com tudo o que há no mundo, tanto na natureza quanto na natureza humana, tudo o que existe neste mundo têm duas faces. No caso do mar, quando a sua força se manifesta nada pode impedi-lo, a maior das tecnologias é posta a rolar sob as ondas, e ele vai onde quer e como quer, levando o que quer. Nessas horas diante de tanto desamparo, a arrogância do homem só pode contar com a sorte.
Mas o que é sorte? Bem, para quem acredita apenas no mundo material, a sorte é um acaso, e só. Para quem tem consigo a certeza da existência do sagrado, a sorte é uma intervenção causal de uma força maior.
Nos dois filmes, os personagens se vêm a mercê das forças do mar. Em as aventuras de Pi, o jovem após um naufrágio permanece dias e dias a deriva na companhia insólita de um tigre, animal de natureza feroz e indomável, assim como o próprio mar. Pensei que ia apenas ver um filme de aventura com meus filhos, sem grandes implicações profundas. Mas para a minha surpresa, o filme em essência fala a respeito de coragem e confiança em Deus. Quando o filme começa u escritor vai procura Pi pois lhe disseram que a história que ele tem para contar o fará acreditar em Deus. E o jovem personagem já começa trazendo para si a ligação com o sagrado em diversas formas, procurando entender Deus, e é como se ele passasse por tudo para conhecer de fato este Deus, que só é realmente reconhecido após uma tempestade na vida das pessoas.
Durante todo o filme, o bote é habitado por Pi, O tigre, e Deus. E no final, após muitos momentos de dúvida e fúria contra Deus, e outros de reconhecimento e gratidão, ao invés de achar-se esquecido e injustiçado, Pi tem certeza da existência de Deus apesar de compreendê-lo por inteiro, posto que isso não é possível para o ser humano.
 Pi perde toda a sua família, e sai com a certeza da existência de Deus.
Já no segundo filme, O Impossível, já fui com a expectativa de encontrar o que encontrei em As Aventuras de Pi, pois já sabia que se tratava da história de uma família - pai, mãe e 3 crianças - que apesar de terem sido tragados pelo   tsunami e atravessado todas as situações acarretadas por uma catástrofe daquela magnitude,  sobreviveram e se encontrara. É  uma história real, onde o próprio título já expressa a impossibilidade de algo assim ter um final feliz, mas aconteceu. 
Toda a família se reúne e mesmo assim, tudo se passa sem que em momento algum alguém  faça uma referencia ou mesmo suponha a existência uma força superior que os tivesse guarnecido apesar de ser impossível... Aquilo que costumamos chamar de milagre, quando o impossível se torna possível. Mesmo assim, muitos preferem chamar isso de sorte. Mas o que é a sorte?
O Sagrado na verdade está em todos os lugares, e em alguns momentos se apresenta com toda a sua força,mas a percepção do sagrado só pode morar nas mentes despertas para algo além do que os olhos materiais podem ver, mesmo que seja um tsunami.
Mas mesmo assim, para quem ainda não buscar o sagrado, as lições de superação são válidas em ambos os filmes.

sábado, 12 de janeiro de 2013

O relógio adiantado

É interessante como pequenas coisas do dia a dia nos dizem tanto a respeito da forma como atuamos na vida. Uma delas é um hábito comum para muitas pessoas: adiantar o próprio relógio em 5 minutos.
Quando perguntamos o que leva a esta prática, a pessoa de pronto responde que assim não se atrasa.
Mas o que mais acaba acontecendo é que justo por saber que o relógio está adiantado a pessoa se atrasa mais ainda, pois sempre tem aqueles 5 minutinho a mais...
Parece ser mais fácil, mas não resolve, porque no fundo sabemos muito bem que estamos sendo enganados por nós mesmos. Mas parece mais fácil ser um pouquinho enganado, só para poder continuar se atrasando um pouquinho. Afinal de contas é difícil assumir que existem coisas que precisamos melhorar em nós mesmos em diversos níveis tomando decisões mais acertadas para ser de fato  pontual, se adequando ao Tempo ao invés de tentar adequar o Tempo e a Vida ao nosso arraigado jeitinho de estar no mundo.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Conexão Futura - Fé na Vida das Pessoas 25/12/2012 Entrada 3

"É o caminho mais fácil." "Tem certeza?"

Este foi o trecho da conversa que tive com um paciente esta semana, mas não foi a primeira vez que tive conversas assim. É muito comum as armadilhar psicológicas, emocionais e espirituais se revestirem de aparente facilidades para fazer com que a pessoa enverede por caminhos que na verdade são os mais dolorosos e frustrantes. Muitas facilidades são a dificuldade e no medo de enfrentar desafios e se responsabilizar por decisões. 
Desta formas as pessoas mantêm trabalhos que as deixam infelizes,  continuam relacionamentos por comodidades financeiras e carências, não iniciam relacionamentos com medo do término, não iniciam um estudo com medo de não serem aprovados, não falam em público quando na verdade têm muito a dizer e etc. A lista é longa. E o que parece ser o mais fácil, manter, calar, se torna muito mais difícil, pois emocionalmente uma grande quantidade da  energia vital que traz cor entusiasmo e alegria se esvai na manutenção da pretensa normalidade, na negação constante da insatisfação e do amargo sentimento de fracasso, que na maior parte das vezes se cristaliza em uma doença física. Isso sim é uma vida difícil, na qual a pessoa nega a si mesmo o direito de pensar em lutar para expandir os horizontes, nega a si mesmo o direito humano de errar quando está querendo acertar, o direito de viver. 
A vida realmente não nos oferece garantia de acertos, mas a probabilidade de 50% atende aos dois pólos: quem fica pensa nos 50% de chances de que pode dar errado, mas quem vai pensa nos 50% de chance de dar certo. Na verdade boa parte da vida sempre está em nossas mãos e em nossas cabeças.
Que neste ano que se inicia exista coragem em nossos corações e mentes para mudarmos o que precisa ser mudado, sim, dá tempo.
Bom ano.