domingo, 17 de julho de 2016

Relacionamento prego X Relacionamento fita adesiva.



Esta semana estava arrumando o meu consultório, e resolvi mudar de lugar os meus queridos quadrinhos pintados por Duda Aquino, além de colocar outro na parede. Foi quando me vi diante de um dilema: colocar pregos ou a moderníssima fita adesiva de dupla face? De fato ainda não a havia experimentado, mas já ouvira falar dela em verso e prosa como uma revolução no mundo da decoração, com a promessa de nunca mais ter que danificar paredes com pregos, ou melhor: correr o risco de martelar o dedo dentre outras maravilhas. Pois sim, comprei um rolinho toda feliz e mãos à obra - gosto muito de fazer esse tipo de coisa, inclusive instalar luminárias, tomadas e afins.
Colei tudo direitinho. Bom, mais ou menos, até Bianca - minha sócia e grande amiga - entrar e com aquele olhar de águia chatinho dizer: amiga, tá torto... Ai! Quando olhei a distância vi que ela tinha razão. Foi quando o pânico se instalou: E agora, é fita! Se fosse prego um tapinha, uma batidinha de martelo em direção ao ponto cardeal desejado e ok. Mas tivemos que com muito custo removê-lo. 
E adivinhem o que aconteceu? O reboco veio todo junto!!! Como desejei imensamente que fosse um singelo e tradicional prego, com aquele furinho gentil que dá para esconder com pasta de dente barata. Mas não, tinha um quadrado sem reboco na minha parede, uma cicatriz indisfarçável que só seria reparada por um profissional. E como se não bastasse, tudo isso ficou preso como um grude difícil de limpar no verso do meu quadrinho.
Foi quando pensei nos relacionamentos superficiais tidos como um grande avanço do comportamento amoroso (?) humano. São como essas fitas, que embora superficiais, fáceis de manejar e aparentemente flexíveis, não se prestam a ajustes, e quando a inadequação é percebida, ao serem removidos levam embora um pedaço da alma, deixando uma ferida exposta difícil de curar sem um profissional. Ou um grude difícil de se livrar.
Já os relacionamentos profundos, conservam em si algo de tradicional que lembram os pregos, dão um pouco de trabalho, mas depois disso, por atuarem em profundidade, são mais estáveis, confiáveis e até algo flexíveis, pois em várias ocasiões se prestam à remoção para serem recolocados ao invés de descartados, sem contar que nesses casos a marquinha é mais facilmente reparável. 
Agora lá estão os quadrinhos, presos com pregos que os sustentam com gentileza e doação pois certamente não os danificarão.

Reflexão: Nem todas as inovações são para o bem da humanidade.

sábado, 28 de maio de 2016

O Amor e a Sombra



Na terça feira, como alguns já sabem, nos reunimos de forma bela e harmônica para falar de alquimia e amor verdadeiro, de complementariedade. E eis que na mesma semana a sombra que não dorme se apresentou com um golpe duro que feriu a alma feminina e de tudo o mais que possamos chamar de humano no sentido mais elevado, causando desequilíbrio nos corações e mentes. Falamos desta citação de Carl Jung:

Onde o amor impera, não há desejo de poder e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.

Só haverá paz e amor verdadeiro quando houver o perfeito equilíbrio entre os opostos complementares em todos os níveis. Disso já falavam os sábios alquimistas, que reconheciam este como o único caminho para transformar tudo que nos cerca no mais puro ouro. 
Só haverá paz e amor verdadeiro entre as famílias, a sociedade e o mundo como um todo quando o feminino deixar de ver e ser visto como sinônimo de fraqueza e vulnerabilidade, e as mulheres dentro de sua força e beleza não tiverem mais motivos para temer e repudiar o masculino. Por essa mesma via, os homens precisam compreender que quando ferem o feminino que os acompanha, ferem a si mesmos, a mãe que os gerou e a filha que será gerada e a integridade da própria alma.



domingo, 22 de maio de 2016



Gente, para quem não conseguiu se inscrever devido a lotação completa, pode nos acompanhar ao vivo via Periscope e Facebook, na página Junguiando.
Um grande abraço.

sábado, 12 de março de 2016

FORA CORRUPTOR DO ESPELHO! - As leis de Newton e Hérmes Trismegisto.


Bom dia Alice, o país de fato não está uma maravilha. Mas o movimento é bom. Bom em todos os níveis, pois se engana quem pensa que se aplica apenas à situação política do Brasil. Tudo está acontecendo também dentro de um país vastíssimo e pouco explorado chamado você.
“O grande é como o pequeno, e o de cima é como o de baixo, o de fora é como o de dentro” Princípio da correspondência. O Kibalion Hérmes Trismegisto
E o que uma coisa tem a ver com a outra? Absolutamente tudo. Toda movimentação externa, tem o seu correspondente interno, pois afinal de contas, ao contrário do que possam imaginar ou querer acreditar alguns, vivemos em um sistema, tanto no nível físico e biológico, quanto no psicológico e espiritual. Não há como uma situação social e política desta magnitude ocorrer apenas do lado de fora. Nunca é assim. Como trabalho ouvindo a vida única de cada ser humano, esta realidade salta aos meus olhos de forma muito nítida. Se tomarmos consciência desse fato, podemos aproveitar esta força de renovação para transformar velhos hábitos dentro de nós mesmos que minam nossa energia vital porque muitas vezes queremos atribuir ao nossos “pequenos vícios” um nada demais. Não falo apenas da corrupção do flanelinha, do guarda de transito, das compras pessoais que entram na nota da empresa, mas da pior das corrupções que é trair a si mesmo. Quando a pessoa corrompe seus próprios princípios costuma acreditar na impunidade, pois se ninguém sabe o que eu fiz, então é como se eu não tivesse feito. No melhor estilo “O que os olhos não veem o coração não sente”. Sente sim e como sente... O seu coração sente, pois seus olhos viram. Quando isso acontece, pessoas que prezam por fidelidade e traem, estão traindo a si mesmas, pelo simples fenômeno newtoniano que no campo da física clássica já fala da “ação e reação”.  E na premissa de que “O de cima é como o de baixo”, no nível de cima ela se chama lei do retorno, merecimento ou karma”. Tudo o que se faz de ruim ao outro na verdade só está sendo feito contra si mesmo. É justo e correto bradar por justiça, mas ao fazer isso, lembre-se que a palavra justiça não é algo que se aplica apenas ao governante, a quem está fora (existe fora?) é um apalavra que atravessa tudo e todos em toda e qualquer instância, inclusive no que diz respeito ao “pequenos” delitos de cada um. Se chamar a justiça ela vem, mas não se preocupe, se não chamar ela vem também.
Então ao exigirmos clareza na política, vamos exigi-la dentro de nós mesmos, vamos banir o corruptor interno, que desvirtua o Eu fingindo que não existe porque ninguém vê. Veja você, haja de acordo com os seus princípios, tenha princípios válidos, e um dia a corrupção no mundo deixará de existir.

Simples assim, mas o simples nem sempre é fácil.

domingo, 6 de março de 2016

PREDADORES EMOCIONAIS - Os 10 passos do ataque.



Esta semana muitas coisas aconteceram – como sempre – e a cada uma delas eu pensava: Vou escrever a respeito disso. Não, é sobre aquilo! Até que por fim, a derradeira conversa da semana venceu. (Queria escrever algo mais suave, filosófico, mas fica para a próxima, prometo).
Mais uma vez eu estava escutando uma pessoa em busca de recuperação após um envolvimento doloroso. E não foi nem o primeiro, nem o segundo nem o terceiro caso da semana. Eis que a história contada por homens e mulheres de diversas idades, meios e interesses diversos atingiam contornos quase arquetípicos: Foram retalhadas por predadores emocionais. Eis aqui os passos que configuram o ataque, veja se isso te diz respeito.
1-      Os pacientes em questão possuem boa índole, capacidade de doação e o desejo de ter um relacionamento sério. Um dia conhecem uma pessoa, o predador. De início não se interessam muito por elas - até uma leve repulsa quem sabe... Mas ok.
2-      O predador insiste em ter algo a mais, então pensam “por que não?”
3-      São emitidos nítidos sinais de que há algo de verdadeiro, de valor.
4-      O tempo passa e nada de namoro.
5-      O tempo passa e ainda nada de namoro. Afinal, estamos nos conhecendo.
6-      Depois que se conhece tudo, tudinho mesmo que se tem para conhecer por dentro e por fora, do avesso e do direito, o predador que insistia em ter algo diz que as coisas estão indo muito rápido. É a hora de frases “Você é muito especial, mas não estou em condições de ter um relacionamento ainda.” ???
7-      Surge a pergunta “Mas o que estávamos tendo então?’
8-      Descobre-se que ele ou ela estavam saindo com várias pessoas ao mesmo tempo, não haviam contado, mas também ninguém perguntou... Afinal não temos nada.
9-      Vem a fatídica proposta de predador “Podemos continuar assim mesmo”
10-   Vem a lúcida resposta “Não”. (Assim espero!)
Se isso já aconteceu – ou infelizmente anda acontecendo com você – Sabe o quanto é duro, mesmo após ter mantido a dignidade, ir para um canto lamber as feridas do que para você possuía os contornos de um relacionamento de verdade.
Resta sempre a pergunta do motivo pelo qual as pessoas mais legais são vítimas dessa espécie de ataque, e a resposta é que isso acontece com quem possui algo para dar. Mas que se encontra tão ávidas para construir algo que acabam ingenuamente apostando fichas nos famosos predadores emocionais. Sim, e eles são muitos, como uma epidemia de zumbis assolando as cidades e as noites, sabem o que dizer e principalmente, sabem como seduzir a presa. Mas há de lembrar que à primeira vista algo dentro de você, que não dá para determinar direito o que é, algo no campo da intuição, já tinha lhe feito eriçar os pelos em sinal de alerta, mas o predador interno chamado carência mandou-o esquecer isso e disse “Quem sabe?”
Já pensou quantas vezes seus limites foram brutalmente invadidos, pois o outro o fazia crer que ceder era flexibilidade quando na verdade era apenas abuso? Que hoje em dia é assim, que seus valores são antiquados e irreais?
Se isso acontece muitas vezes faz-se necessário um exame profundo do que realmente você está procurando para a sua vida, e principalmente do valor inconsciente que atribui a você mesmo. E ainda, se de fato quer um relacionamento, pois pessoas de má índole garantem um não relacionamento, e a “certeza” de que você mostra para o mundo que tenta, mas a vida é injusta...
Seja por ingenuidade ou uma programação estranha oculta na psique, faça o que puder para se recuperar, compreender a fundo o que está acontecendo, para que isso não aconteça mais, e você tenha o que você procura, um bom relacionamento. Eles existem, e um bom caminho para encontra-lo é amar a si mesmo com a mesma capacidade que você já tem de amar o próximo. 
Ah! passoas legais existem! Em maior número do que você imagina, dou minha palavra. O segredo é mudar a sintonia e saber onde procurar.


domingo, 28 de fevereiro de 2016

Anestesia psicológica e cinema. – Observe os sintomas.

Síndromes contemporâneas.





 

Lembro que a primeira que vi o filme de Stanley Kubrick, Laranja Mecânica, me senti profundamente perturbada com a brutalidade de Alex de Large e seus amigos. Mesmo assim, arranjando estômago por muitos semestres sugeri o filme como tema de trabalho para meus alunos, pois ele levantava críticas e questões que davam muito o que pensar. Lembro também de quando vi Psicose de Alfred Hitchcock, nossa o que foi aquilo!
Bom, é o que foi aquilo mesmo, porque hoje isso não é mais nada. Virou fichinha perto do capítulo mais terno de Game of Trones e Ao lado dos filmes que contam O Exorcismo de Cicrana, Fulana e Beltrana, Normam Bates até que é um cara normal, afinal o coitado não tinha uma mãe legal, dá pra entender. Tem até uma série que explica direitinho.
Recentemente fui ver o mega indicado ao Oscar: O Regresso. O título é extremamente apropriado, porque desde a primeira cena eu só pensava em sair dali e regressar para casa. Não fui porque para minha aflição os acompanhantes não demostraram o mesmo sentimento. Não demostraram por puro estado de choque como vim a descobrir no fim do filme, assim como toda a plateia. Então fiquei, como um teste de resistência psicológico, onde eu tinha a nítida sensação de que o objetivo principal não é contar uma história, é mexer com os nervos, incomodar ao máximo o espectador, para testar, agredir, conseguir enfim comove-lo com alguma coisa, mesmo que seja com a ultraviolência, porque sexo já não escandaliza mais ninguém, por isso houve o advento dos 50 tons de cinza e afins. “Agora vai! Agora eles vão ficar escandalizados de verdade” animam-se os produtores. Nesse festival psicopata escuto ao fundo a voz de Quentin Tarantino esbaforido, correndo e gritando: Espera aí que eu estou chegando, vocês vão ver só o que eu consigo! Iñárritu responde: Não adianta botar os bofes pra fora, já fiz isso no meu filme com o Leonardo e um cavalo!
Na verdade o engraçado é que não tem graça nenhuma. Todos estes filmes e muitos outros atraem milhões de pessoas ao cinema, ou diante das televisões, se expondo sem filtro algum a vivenciar através do nosso mais contundente sentido uma realidade que em sã consciência e equilíbrio mental ninguém desejaria para si. Escuto a todo momento as pessoas dizendo como desculpa: “Mas a história é interessante”. Na verdade é difícil assumir, ou mesmo compreender que as pessoas desejam sentir medo, nojo e aversão. A nossa mente, ou alma, como queiram, é alimentada pelas experiências e percepções que temos, e elas ficam profundamente gravadas na memória, seja consciente ou inconsciente, se é bom eleva, se é tóxico envenena aos poucos.
As pessoas se encontram entorpecidas. A vida está sem graça, sem emoção e sem objetivo. Repleta de Intimidades Superficiais com a família amigos, colegas de trabalho, onde pode-se até conviver com as pessoas sem que a profundidade da alma possa ser partilhada. Com o cotidiano ocupado por frenéticos movimentos estagnados, onde parece haver produção quando se levanta todos os dias para trabalhar e estudar, mas na verdade nada está realmente acontecendo, o sentimento de vazio e estagnação é avassalador.
Isso esclarece o enigma do motivo pelo qual as pessoas andam se comprazendo com espetáculos do gênero, elas estão desesperadas. Desesperadas porque já não sentem mais nada, querem alguma coisa da dose mais forte que tenha na prateleira capaz de fazê-las sentir alguma emoção, mesmo que primária, que os lembrem que ainda são humanos, pois há tempos que as notícias do telejornal de massacres na Áfricas não valem uma olhada e as pessoas caídas na rua são o mesmo que um hidrante.
Mas isso acabou virando uma epidemia, algo semelhante a uma lepra psicológica. Os filhos de uma geração como essa estão se tornando pessoas extremamente agressivas e desesperadas, na esperança de que assim possam ser percebidas, mas tudo que acontece é lhe darem uma classificação, uma sigla correspondente a um transtorno mental que por sua vez pode ser tratado com uma pílula.
Já perdi a conta de quantos pré-adolescentes atendi com perturbações psicológicas instaladas após ver um filme de terror, passaram a ter enurese noturna e não conseguir mais ter um sono tranquilo sozinhos ou de luz apagada, chegando mesmo a desenvolver o início da Síndrome do Pânico. “Ah, é uma válvula de escape, assim a pessoa não coloca isso em prática, sublima vendo o filme ou no vídeo game”. Sério? Então é mais grave do que pensei, temos uma epidemia de psicopatas em potencial que precisam ser aplacados com uma produção constante de litros de sangue de artificial para que não queira ver o de verdade.
E como bem já dizia Jung, toda doença psíquica é uma tentativa errada de procurar a cura.

Gente, não é por esse lado.