quinta-feira, 25 de março de 2010

O confessionário.

Caros leitores, ouvi ontem uma comparação no mínimo interessante a respeito do meu trabalho clinico.
Quando atendia um paciente começamos a conversar a respeito de religião, já que há pouco tempo tinha ido a uma missa após longo período sem fazê-lo. Conversando a respeito dos seus pensamentos a respeito dos preceitos da igreja católica chegamos à confissão e ele prontamente me disse: “Para que falar com o padre, eu já venho aqui e confesso tudo o que eu faço para você”.
Pegou-me de surpresa e não contive o meu riso, mas na verdade a afirmativa do paciente dá margem a muitos pensamentos.
Creio que guardado todo o respeito que os rituais de todas as religiões merecem, sinto que esta pessoa em questão que se identifica como católica, pois foi batizada lá, não identifica a confissão como algo que de fato vá redimi-la de seus pecados, não é sentida como um ato sagrado. Logo, um espaço aonde possa se abrir de modo franco e seguro com alguém que o ajude a pensar a respeito de suas próprias palavras já é o equivalente a estar se redimindo de seus atos. De certa forma sim, mas calma...
Algumas pessoas poderiam erroneamente concluir que a terapia foi alçada ao patamar de algo sagrado, comprovando que a religiosidade já não se faz necessária. Mas na verdade não creio nisso. Seria uma armadilha do orgulho.
Eu penso que na verdade as pessoas carecem de espaços e rituais nos quais possam realmente sentir o sagrado, a transcendência. Não é uma questão de fé, mas sim de conhecimento e sentimento da Força Superior da Natureza que nos rege. Precisamos restabelecer as vias que nos conectam ao nosso real contato com o sagrado.
Deus pode estar em tudo o que realizamos inclusive terapia, mas é muito mais que isso.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Aos meus amados Patinhos Feios


Amo os Patinhos Feios que tem aparecido no meu consultório.
Chegaram – não por acaso, pois como vocês sabem eu não acredito em acaso- em ninhos estranhos e ao nascerem não são reconhecidos e nem reconhecem os que o cercam como familiares.
Estes pequenos cisnes às vezes fazem de tudo para serem desajeitados como patos, escondem a sua graça, pois a percebem como estranheza.
A sua superioridade tamanha na maneira de ver e encarar o mundo, seus sentidos extremamente mais aguçados - vendo coisas que os patos não vêem, escutando coisas que os patos não ouvem - mostram o grau de evolução de seus espíritos.
Amados jovens cisnes, a cada sessão me alegro por ver que estão indo na direção do lar que lhes deu origem, mesmo que ainda não possam perceber onde vai dar o final da estrada, e que por isso sintam medo.
A todos os Belos Cisnes que ainda não abriram suas asas. Nunca desistam de procurar os seus semelhantes e realizar o seu belo propósito de ser no mundo.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O dinheiro e a faca

Quando ouvimos a palavra faca, a associamos quase que imediatamente a elementos relacionados a perigo ameaça e violência. Mas pensemos com mais carinho na faca, e veremos que se trata de um valiosíssimo instrumento, que pode garantir a sobrevivência em uma floresta, cortar amarras, passar a manteiga no pão, auxiliar na confecção de outros instrumentos e etc.
O Dinheiro se parece com a faca. Embora um tanto cobiçado, as emoções a ele relacionadas costumam remeter quase que imediatamente ao perigo - real - de corrupção e se deixar escravizar pelo desejo de tê-lo, passando a ser possuído por ele. Uma espécie de escravidão. Muitas pessoas desenvolvem medo do dinheiro, assim como da faca.
Esta semana três jovens que estavam em profundo questionamento a respeito do rumo que precisam tomar profissionalmente na vida - ao mesmo tempo em que emergiam como seres espirituais - apontaram a escravidão pelo dinheiro como algo a ser evitado a todo custo, como algo que certamente os afastaria das coisas que agora eles percebem mais claramente como essenciais na vida, como o bom relacionamento consigo mesmo, com o próximo e fazer algo não só por dinheiro, mas por amor.
Ok, eles têm razão. Mas apontei que na verdade eles não estavam criticando o dinheiro em si, e sim a mentalidade de consumo e falta de valores que infelizmente estão estampadas massivamente na mídia e reverberam nos lares como os principais valores a serem perseguidos, (como foi colocado pela postagem abaixo).
Mas o dinheiro em si é como a faca, um instrumento que obedecerá a mão de seu mestre. Portanto não temos que renegar o dinheiro, e sim aprender a tê-lo para não sermos tidos por ele. Para isso podemos reforçar nossos caráter e valores.
Fazer o que se que se ama e colocar este talento a serviço da evolução espiritual, nossa e dos outros, não significa não ganhar dinheiro, muito pelo contrário: na maior parte das vezes quando descobrimos a nossa verdadeira vocação e colocamos nossos dons com amor no mundo, o dinheiro virá como conseqüência natural, e saberemos como usá-lo de maneira construtiva.