Hoje eu estava tentando fazer meu filho experimentar um tipo diferente de uva, ele, reticente, disse que só comia se fosse sem caroço. Imediatamente me lembrei das uvas da minha infância e todas tinham caroço, e nem por isso me pareciam menos gostosas que hoje em dia, assim como as fiapentas Mangas Carlotinhas que eu tirava diretamente do pé e enchiam os meus dentes de fiapo, o que incentivava o uso do fio dental. Dava trabalho sim, mas e daí? Era aproveitar a vida e a natureza com tudo o seu sabor, sabendo lidar com o que vinha junto. Afinal de contas, uma das coisas mais belas nas frutas é o fato de conterem sementes, o que as faz parte de um ciclo completo de morte / renascimento e renovação.
Hoje em dia existem os produtos transgênicos, que não dão sementes, e as frutas são alteradas de tal forma a perderem as suas principais características, importando apenas o consumo em si, sem conexão alguma com a natureza. Já não nos basta não colhermos a fruta do pé, mas sim da gôndola dos supermercados, agora as frutas são semi mortas mesmo, já não carregam dentro de si a vida. Como uma mulher estéril apenas destinada a ser uma gostosona a ser consumida por ávidos olhares masculinos. Ela não pode gerar, pois podem ficar as estrias, e se geram têm medo de amamentar, pois os seios podem cair...
As pessoas não podem mais vivenciar tristezas que as fazem crescer, para isso temos antidepressivos cada vez mais poderosos. E principalmente os relacionamentos tem que ser perfeitos, como em um comercial de televisão ou a capa da revista de fofocas, sendo abandonados no primeiro obstáculo. Afinal de contas, acha-se outro em qualquer esquina mesmo, nas gôndolas das casas noturnas, no consumismo descontrolado dos ficantes de uma noite.
Mas lembrem-se: Uvas sem caroço e mangas sem fiapos costumam ter pouco sabor e também podem estar podres por dentro.
Hoje em dia existem os produtos transgênicos, que não dão sementes, e as frutas são alteradas de tal forma a perderem as suas principais características, importando apenas o consumo em si, sem conexão alguma com a natureza. Já não nos basta não colhermos a fruta do pé, mas sim da gôndola dos supermercados, agora as frutas são semi mortas mesmo, já não carregam dentro de si a vida. Como uma mulher estéril apenas destinada a ser uma gostosona a ser consumida por ávidos olhares masculinos. Ela não pode gerar, pois podem ficar as estrias, e se geram têm medo de amamentar, pois os seios podem cair...
As pessoas não podem mais vivenciar tristezas que as fazem crescer, para isso temos antidepressivos cada vez mais poderosos. E principalmente os relacionamentos tem que ser perfeitos, como em um comercial de televisão ou a capa da revista de fofocas, sendo abandonados no primeiro obstáculo. Afinal de contas, acha-se outro em qualquer esquina mesmo, nas gôndolas das casas noturnas, no consumismo descontrolado dos ficantes de uma noite.
Mas lembrem-se: Uvas sem caroço e mangas sem fiapos costumam ter pouco sabor e também podem estar podres por dentro.
Oi, gostei dessa compraçao. A impressao que eu tenho é que as pessoas estao hoje em dia "anestesiadas". Elas criaram uma carapaça tao grossa para evitar o sofrimento que lamentavelmente elas evitam também a felicidade, nao conseguem mais ver a beleza das coisas mais sutis. Cristina
ResponderExcluirSomos todos encriptados, porem, nossas atitudes nos despem. Por mais que tentemos esconder nossa face atras de mascaras, nao sabemos usar. Tatiana, voce conseguiu com sutileza, descrever nossa verdade...Nao nos permitimos sentir, viver, e deixamos de lado a unica coisa que temos de valor. As emoçoes. Os defeitos e os problemas sempre estao os outros e nas coisas, nunca em nós, muito menos nos nossos olhos perfeccionistas. Se houver algo que incomode, entao que mudemos. Sempre nos outros. Os fiapos, e as sementes sao essenciais....assim como a solidao e a depressao, sao momentos tao valiosos que nos enchem de auto conhecimento, força e uma infinidade. Aos que se permitem errar, aos que se permitem viver, aos que se permitem amar... Parabens.. e parabens a voce Tatiana.. por sentir, por pensar por nao se deixar levar, e pela sua analise.... ( me perdoe o vocabulario) FODASTICA!!!!
ResponderExcluirGuga, muito obrigada mesmo pelo comentário, fico feliz quando vejo que algumas pessoas sentem e percebem as coisas de formas semelhantes nestas questões, isso me dá esperança de que um dia caminhemos para uma humanidade mais plena.
ResponderExcluirBj
Prof, amei o texto !!!
ResponderExcluirIsso me faz lembrar da frase 'Sem o amargo o doce nao é tao doce...' E faz todo o sentido. Mas hj em dia vivemos em um tempo de urgencia, a paciencia é algo que nao faz parte do nosso dia-a-dia pq é tudo tao vapt e vupt !!!! O homem otimizou o tempo, as distancias fisicas. Mas por outro lado parece q estamos cada vez mais distantes uns dos outros. Acho que antes a solidao era menor e por isso as dores hj possam ser maiores. Q seja... Quem dera q fosse só uma pilula q garantisse a felicidade constante. Até nisso a gente se engana. Nao existe. No meu modo de ver, a vida e o ser humano, são feitos para sentir. Sentir desde tristezas até alegrias. Ë dinamico, nao é estatico e nem eterno... Afinal, é aquela velha historia; sem o amargo não tem o doce.
Bjs nathalie.
Adorei seu comentário, na verdade é um texto muito bom.
ExcluirBjs
Oi Tati, análise fantástica que se desenvolveu de uma coisa comum no dia a dia, comecei a ler o texto por gostar da narração de fatos do cotidiano das pessoas, e não imaginei no que resultaria, uma profunda reflexão de como ainda preciso me integrar mais à natureza, enxergar mais o "lado doce do amargo" e ver que posso começar a ver a mudança no mundo através de minha mudança, no sentido de que as pessoas não são descartáveis e que esse novo conceito de "quebrou, compra um novo", não obrigatoriamente tem que fazer parte mim e do mundo que considero ideal para minha família, filhos e netos futuros. É o ato de consertar que nos faz compreender que podemos melhorar sempre. E assim, quero poder ser cada vez mais a mudança que quero ver no mundo...
ResponderExcluirQue bom Gabi, é por aí mesmo! Beijo
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