sábado, 29 de janeiro de 2011

BBB: O que os olhos não veem o coração não sente. ( Será?)

Hoje, colocando os meus emails em dia, vi algumas mensagens que falavam a respeito do atual BBB. Como eu me nego terminantemente a ver tal programa, não estava muito por dentro do que rolava por lá, mas os e mail me colocaram a par. Mesmo sem querer assistir a tal espetáculo aviltante, ele chegou até mim. Na verdade nunca acreditei muito naquele ditado que diz "O que os olhos não veem o coração não sente". Para quem já percebeu que nós seres humanos estamos todos conectados uns aos outros de alguma forma, sabe também que tudo o que acontece, principalmente um fenômeno de massa como esse, não deixa de afetar a todos nós. É como a poluição jogada no ar, como se fôssemos fumantes passivos ou coisa assim. Para mim esta edição foi como um quisto purulento que vinha crescendo sem que lhe dessem atenção e agora rompeu, deixando a mostra a podridão humana. Gostei disso. Desde o início já se via que tudo era armado para deixar eclodir a sombra do ser humano, mas agiam como se fosse uma competição normal, saudável. Sinto que mesmo que eu não assista algo assim, e não deixe que meus filhos o façam, os valores, ou a falta deles apregoadas pelo programa empesteiam os comerciais, jornais bancas de revistas e conversas nas rodas de amigos. Na verdade eu não acredito, como muitos dizem, que o BBB é um perversor de mentes. Não, ele não é o agente, ele ao contrário é fruto de mentes pervertidas e afastadas do que é realmente o objetivo da vida, da evolução espiritual do ser humano. 
As  coisas não me assustam por não querer ver o lado negro do ser humano, pois trabalho com isso há muitos anos e já ouvi muitas coisas. Mas quase todos que se sentam na minha frente estão,apesar de tudo, querendo alimentar o lado luminoso, querendo ter uma vida mais plena, deixar de alimentar os monstros. O que me dói é ver que muitos estão é querendo alimentar a fera com os próprios semelhantes, alimentar o vício   de viver em meio a fofocas e intrigas, ao invés de gastar tempo olhando para dentro e vendo seus próprios defeitos no intuito de melhorar. 
Mas por incrível que pareça, acho que ter chegado ao insuportável ponto que chegou é bom, pois como sempre digo: é vendo claramente a situação que podemos procurar uma solução.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Psicólogos e costureiros

Desde o ano passado quero falar a respeito de um assunto que foi trazido por uma jovem paciente. Ela foi comprar um vestido e quando entrou na loja pediu para experimentar um tamanho P, que seria  mais aproximadamente adequado ao seu físico. Para a sua surpresa a vendedora disse que era tamanho único. Entrou entrou entrou, não entrou paciência.
O que a loja oferecia era um absurdo reflexo do que vivemos hoje em quase todos os sentidos. Me lembrei imediatamente de minha avó, que era uma costureira de vestidos de noiva, ou seja, fazia de tudo. Ela me ensinou  a respeito de cada medida do corpo que se precisava tirar antes de começar a cortar uma roupa. Que além das obvias como cintura e quadris, tínhamos que ver se a pessoa tinha seios fartos para dar pregas mais ou menos profundas, pernas ligeiramente mais curtas e ombros caídos deveriam ser levados em conta para que a roupa assentasse bem e acolhesse o ser humano que iria vesti-la.
Com o tempo as roupas passaram a ser cada vez mais feitas em série, e nem por isso ficaram mais baratas, muito pelo contrário. Lojas chiquérrimas cobram caríssimo para que você tenha o privilégio de sair por ai desfilando e mostrando você cabe no estilo da marca tal. Sim, você tem que se adequar ao corpo de manequins irreais que assustam muitas pessoas só de passar na frente da vitrine. As roupas não são feitas para o seu perfil, você tem que se encaixar no perfil das lojas...
É um reflexo da negação da pessoa enquanto indivíduo, enquanto ser humano, que embora tenha um tanto de coisas parecidas com tantos outros, por outros lado é parecido ao seu modo.
Nessa onda muitas teorias psicológicas foram criadas na tentativa de colocar os seres humanos dentro de um mesmo molde, como se todos fossem responder as fórmulas comportamentais e pílulas milagrosas da mesma maneira. 
Cada vez mais admiro a atitude de Jung, que não queria que suas idéias fossem chamadas de teorias, e que embora dissesse que haviam estruturas psicológicas comum a todas as pessoas, o modo que cada um as trabalhava era um imenso mistério particular ao qual o analista tinha que se debruçar, usando todo o seu conhecimento e ao mesmo tempo colocando-o de lado para ouvir realmente.