Como já dizia Jung o ser humano só pode conhecer deus através da sua própria capacidade de imaginá-lo. Um homem só percebe Deus partindo da sua própria capacidade de apreender e compreender o que é o sagrado. Quando imaginamos, literalmente criamos uma imagem, logo o que temos na verdade é a imagem de Deus. Pode parecer obvio, mas esta afirmação fez com que Jung ficasse em situação difícil tanto com cientistas céticos quanto com teólogos crentes. Uma mesma afirmação o fez ser taxado de ateu por dizer que Deus é uma imagem, e de místico anticientífico por falar a respeito da importância da imagem de Deus para a psique humana. Tamanha façanha só foi possível graças ao mesmo sentimento, o orgulho: De uns acreditando ser possível a mente humana apreender a totalidade de um ser concebido como superior, e outros por não acreditarem existir qualquer coisa superior para conhecer.
Mas enfim, o que eu quero dizer é que uma comprovação da afirmação junguiana é o fato das metáforas utilizadas para definir Deus, que está intimamente ligada ao grau de avanço da humanidade.
Na época cartesiana, quando o relógio era a maior invenção jamais vista, uma máquina capaz de dominar algo que era dado apenas pela natureza, o homem se sentiu Deus porque podia ser um relojoeiro, logo, Deus era um grande relojoeiro, e o universo uma máquina!
Nos dias de hoje, com avanços tecnológicos e a descoberta do mundo e do tempo virtual - praticamente o domínio de uma outra dimensão! - A metáfora mais adequada a Deus é a de um grande programador, não apenas um construtor.
Interessante não! quando nos sentimos mais evoluídos materialmente nossas concepções do sagrado também podem mudar. Quem não vê o mundo partido pode compreender que de diversas maneiras o mundo espiritual está ligado ao mundo material.