sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

50 Tons de Roxo, Carnaval e o Barba Azul.

                                   

"Me senti como se estivesse em Sodoma e Gomorra" Ouvi esta frase de uma amiga moradora do Leblon, que como eu, cometeu a imprudência de não sair do Rio. Como moro em Ipanema, só me restou balançar a cabeça e concordar. Aquilo estava longe de ser cultura alegria ou brincadeira, era tudo sub civilizado, perigoso e muito triste. Em nossa conversa nos inteiramos de casos de violência sexual, comas alcoólicos, mentiras, traições. Tudo isso ao som de ala-laô e o cheiro de esgoto a céu aberto. É claro que tem gente boa que vai aos blocos, mas estes muitas vezes são os que levam a sobra de situações que não criaram, apenas por estarem no local errado. E para piorar, quis ir ao cinema e o filme 50 Tons de Cinza havia dominado os cinemas assim como os blocos haviam dominado as ruas. Tudo em sincronia com a mensagem de que liberdade é libertinagem e amor... Bom... É o que mesmo? Ah sim! É ser algemada e espancada pelo namorado, pois afinal de contas já que ele é rico e bonito vale a pena.  Acordem! Encontrar um Sr Gray pela frente só pode acabar com 50 tons de roxo detectados no exame de corpo delito.
As pessoas estão sem norte, pois o que lhes ensinam é justo o contrário do que é o amor. Amor é sinônimo de orgasmo a qualquer custo, falta de capacidade de ser fiel virou amor livre. E na falta de perspectiva só resta mesmo sexo e bebida, pois só embriagado para não ver a que ponto o ser humano pode se maltratar e desrespeitar, só entorpecendo os sentidos. Trabalho todos os dias com pessoas machucadas moralmente e desiludidas, querendo encontrar amor, respeito e companheirismo, e muitas chegam completamente desiludidas, sem acreditar que o amor verdadeiro existe. Tenho quase que dar a minha palavra que vi com meus próprios olhos um casal que se ama e se respeita e tem uma família sadia. Parece que estou falando de um conto de fadas! E quem dera as pessoas estivessem sonhando com príncipes ao invés de abusadores.
Isso" tudo me faz lembrar do maravilhoso livro de Clarissa Pínkolas, "Mulheres Que Correm Com Os Lobos no qual a autora discorre sobre a interpretação psicológica de diversos contos de fadas que tem raiz arquetípica relacionada ao feminino. E eu diria a todas estas mulheres encantadas com o abusador que elas precisam ler o conto do Barba Azul, pois estão o confundindo com outro personagem, a Fera de A Bela e a Fera. A Fera é aquele masculino bruto que vira príncipe, algo misterioso e assustador que encanta muitas adolescentes, mas lembrem que a Bela nunca se deixa humilhar. Já o Barba Azul é aquele que após seduzir (inclusive com bens materiais) no final de tudo aniquila a sua vítima após ter extorquido sua vida e ainda coloca a culpa nela, fazendo-a sangrar esquartejada durante a eternidade.
Cuidado pois o que parece uma coisa pode ser simplesmente uma armadilha, os contos nos ensinam a afinar o faro para armadilhas, seja pela inexperiência adolescente ou pela infinita carência de amor verdadeiro encontrada nas mulheres pseudo-maduras dos dias de hoje.


   

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