domingo, 31 de maio de 2009

Os ingenuos, os inteligentes e os sábios

Quando perguntado se acreditava em Deus, C. G. Jung respondeu “Não, eu sei de Deus”

Ingênuos e bem intencionados são os crêem, pois crer significa dar credito a palavra de outrem a respeito de algo que não se vivenciou. Mas isso nem sempre é o bastante quando as verdadeiras provas da vida batem a porta.
Por outro lado reconheço que são Inteligentes aqueles que ao questionarem as injustiças terrenas confrontam a realidade com a incoerência da imagem de Deus que costuma ser apregoada e facilmente se tornam ateus, mas isso na maioria das vezes não os faz mais felizes e os deixa vulneráveis aos perigos da cegueira causada pela inflação do ego.
Mas os sábios... Ah os sábios... Estes podem ser homens simples ou grandes cientistas, sendo que a estes últimos reverencio o meu profundo respeito e admiração, pois mesmo munidos do mais avançado conhecimento terreno, ao invés de se perderem nas armadilhas da vaidade, se tornam mais humildes, transcendem a si mesmo e reconhecem com alegria que pouco sabem, e só neste momento a profunda verdade se apresenta, o saber da força maior que move o universo.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Alvorada

Ai de ti, de meu amor
Amar sem objeto verter
Ampliando ao extrato reter,
da matéria, só a letra
Da Vinciana

Eu, que não sei pintar,
resolvi borrar um risco
E esculpir fonemas,
Eu que arrisco

Eu, que da forma
só conheço a casca silábica
Me encolhi no oco da consoante uterina
A-feto
E a palavra pulsou

domingo, 24 de maio de 2009

E o EU com isso?

Refleti um pouco para chegar à conclusão de que estamos vivendo na “sociedade do brinde”. Já parou para perceber? As mercadorias aparecem no mercado com uma promessa: se a pessoa comprar, ganha um brinde. Até aí, alguns podem dizer: qual o problema nisso? Aparentemente nenhum, mas vejamos:
O que emerge na cena cotidiana é o fato de que o brinde, por diversas vezes, ganha o estatuto de objeto principal a ser adquirido, deixando à margem o suposto “carro-chefe” da venda.
Assim, o sanduíche é comprado por que vem com um brinquedo; o xampu vem com uma miniatura de um creme sen-sa-cio-nal; nas compras acima de trezentos reais, o cliente concorre a uma viagem à Espanha com direito à acompanhante.
Então, como a sociedade é reflexo do modo de como a humanidade está lidando com suas próprias questões, podemos concluir que, a manifestação desse tipo de comportamento é o retrato claro de uma vivência que se coloca muito aquém do além que a constitui. De outro modo, podemos exemplificar esse fenômeno levantando perguntas como:
- Por que, às vezes, ficamos sujeitos a dizer coisas que não nos agradam, só para ganhar a simpatia alheia pautada numa farsa? Para ganhar aceitação ao preço de nos desconhecermos?
- Por que abrir para a possibilidade de escolher uma profissão/casamento sabendo, no íntimo, que não é naquela área ou com aquela pessoa que se quer viver uma vida? Para ficar rico e sair na coluna social?
E, enfim, por que abrir mão de ser o que se é, em essência, para ser um pseudo-outro ou um falso eu?
Essa resposta é sua.

terça-feira, 19 de maio de 2009

O desafio do Tempo


Pense bem antes de responder: Você já viu o tempo passar? Se responder sim eu te pergunto: como? Se você responder que o vê no movimento dos ponteiros do relógio, te direi que isso não é o tempo, apenas o movimento de uma máquina feita na tentativa de acompanhá-lo, mas não é o tempo em si. Se responder que o vê em cada criança que cresce, digo que você vê a evolução da matéria através do tempo, mas movimento da matéria também o sinaliza, mas não é o tempo em si. Se você me responder que o vê no passar das estações, direi que os ciclos da natureza são regidos pelo tempo, mas ainda não é o tempo em si. Então pense bem, pense de verdade antes de responder O que é o tempo?

terça-feira, 12 de maio de 2009

Libertar-se do labirinto.

“Se quer se livrar de um inimigo, deseje-lhe o bem”
Você pode se perguntar: A troco de que desejarei o bem a quem me fez sofrer?
Vou explicar:

Muitas pessoas padecem no desejo de libertarem-se de laços que a prendem à pessoas indesejadas. A primeira providencia para tal costuma ser o afastamento físico, o que sem dúvida se trata de uma atitude acertada na maioria dos casos, mas em poucos costuma ser o bastante, pois o afastamento físico não garante o afastamento emocional, espiritual e psicológico. O que muitas pessoas ainda não entendem é que o que nos liga uns aos outros são os sentimentos. Temos o costume de nos sentirmos ligados as pessoas que queremos bem, que amamos, admiramos e etc. Não há dúvida de que de fato assim o é... Porém também estamos profundamente unidos às pessoas a quem por ventura possamos dedicar ódio, rancor mágoa e toda sorte de sentimentos negativos, o que mesmo distante continua envenenando a mente e o espírito, abrindo um canal para que a influencia de outrem se perpetue. Isso acontece porque o que nos liga às pessoas são simplesmente os SENTIMENTOS, sejam eles ruins ou bons. Deste modo, podemos encontrar razões em beneficio próprio que justifiquem esta tomada de atitude. Pense nisso e a primeira frase desta postagem lhe parecerá lógica e racional ao invés de uma utopia.

domingo, 10 de maio de 2009

Dia da Mães

Aviso da Lua que menstrua

"Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com essa gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita..."

Elisa Lucinda

terça-feira, 5 de maio de 2009

Doença Mental não é Doença Cerebral
Vejo revistas, jornais proliferarem a confusão na determinação do que diz respeito às doenças mentais propriamente ditas e àquilo a que se refere ao domínio das doenças orgânicas. Então, grosso modo, podemos resumir essa questão ao seguinte postulado: doença mental não é doença cerebral.
No campo da doença mental estão as neuroses, as psicoses e as perversões. Dentro desse reino é que encontramos a histeria, a neurose obssessiva, a fobia, a esquizofrenia, a paranóia, a síndrome do pânico, a fadiga crônica e todas essas patologias do contemporâneo.
Já no campo da doença cerebral vamos encontrar a demência senil, a epilepsia, a hidrocefalia e todas as manifestações que apresentam alterações cerebrais visíveis através de exames médicos específicos que as comprovem.
As neuroses e psicoses, no entanto, não possuem nenhuma correlação orgânica primária, isto é, não há alteração cerebral como causa primeira na esquizofrenia, muito menos na histeria e assim sucessivamente. Aliás, é daí que nasce a Psicanálise, da busca pelo estudo dos pacientes histéricos que, sem nenhuma evidência passível de apreensão por exames físicos, mantinham-se privados de uma vida sadia por contrações e paralisias orgânicas, sem quaisquer alterações materiais que as legitimassem cientificamente.
Muito tempo se passou desde o início dos estudos de Freud, mas a Medicina busca, até hoje, circunscrever esse "transbordamento", representado pela psicopatologia, com as novas tecnologias do científico. É assim que vimos o desabrochar das neurociências, cujo objetivo não é mais o de mostrar anatomicamente os distúrbios mentais, mas atomicamente ou quimicamente, como a indústria farmacêutica pode fartamente nos atestar. O capitalismo-científico vende a ilusão da melhora por um toque de caixa.
Assim, é muito importante pensarmos as questões mentais como problemáticas filosófico-existencias para além de tecnicismos reducionistas que nos levam a crer que somos aglomerados metabólicos, vendendo supostas respostas ao preço do tamponamento de nossas perguntas.