domingo, 6 de setembro de 2009

Sonhos infantis

Às vezes me surpreende o fato das pessoas no dia a dia falarem pouco a respeito dos sonhos infantis. Creio que este é apenas um sintoma da velha e quase sempre inconsciente idéia de que as “coisas de crianças” não têm importância. Poucos adultos têm tempo e interesse para lidar com a linguagem e a expressão dos próprios filhos. O mundo do adulto se mostra tão complexo e por tantas vezes ameaçador, que a vida de uma criança pode parecer não ser uma vida de verdade. E a criança cresce sem compartilhar o que está acontecendo em seu mundo interior.
Até que um belo dia a criança aparece com algum comportamento estranho, vindo não se sabe bem de onde. Porque afinal, “fulaninho sempre esteve tão bem... e de repente isso!". O isso é o nome do que finalmente pode ter eclodido a partir de um longo tempo de angustia em gestação inconsciente, que poderia ter sido mais prontamente detectado simplesmente por prestar atenção nas brincadeiras cotidianas, conversas, interesses, e principalmente os sonhos. É verdade que muitos sequer julgam sonhos de adultos importantes, mas quando temos ao menos alguma noção de que os sonhos não são apenas meros fenômenos cerebrais, e sim como apontava Jung, o mais eficiente e acessível portal de comunicação com o inconsciente pessoal e coletivo, que nos permite identificar mais facilmente o crescimento de alguma perturbação. E isso sem falar no fato de que o simples ato de contar um sonho já é terapêutico por si, além de acostumar a criança a dar importância aos seus movimentos interiores, o que facilitará o processo de individuação. Quando dermos bom dia para nossos filhos, vamos procurar nos esforçar e perguntar: O que você sonhou hoje? Podemos nos surpreender.

Nenhum comentário:

Postar um comentário