sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Criança também é gente.

Quando ouvimos a frase acima logo nos vem a mente a necessidade de considerarmos mais os direitos e as vozes das crianças como pessoas que embora ainda muito jovens, também merecem ser tratadas como gente na plena acepção do termo. Ok, concordo com tudo isso em gênero número e grau. Mas hoje quero analisar esta frase sob outro ponto de vista.
Criança também é gente em todos os pontos de vista, inclusive aqueles que não são positivos. Esta semana chegaram a mim vários casos envolvendo crianças e suas relações com pais, familiares e colegas.
Crianças, guardadas as devidas proporções, estão sujeitas a toda a gama de sentimentos que acometem os adultos. Crianças também são capazes de manipular pais separados, segregar colegas (Bulling) , roubar, fofocar, difamar, manifestar libido deturpada e etc.
Credo!!! Podem pensar alguns que preservam uma imagem excessivamente cândida dos pimpolhos.
É claro que muitas manifestações negativas por parte das crianças vem acompanhada de uma grande dose de ingenuidade, mas ser ingênuo e inocente não deve ser confundido com ser puro e angelical. A imagem exacerbada das crianças como anjos caídos do céu pode prejudicar e muito o relacionamento e a educação, pois os adultos se sentem traídos e decepcionados, não enxergando os fatos com mais imparcialidade e agindo com temperança para corrigir as crianças.
Pais são pais não apenas para prover o sustento, mas principalmente para orientar e reorientar o que as crianças já trazem dentro de si e o que por ventura (ou desventura) é absorvido por ai. E não se assustem com o fato de estar afirmando que as crianças já trazem uma história. A noção de que uma criança apenas vai apresentar aspectos herdados dos pais, seja por convívio ou por genética, é uma sombra do materialismo que negando a vida espiritual teve que afirmar o fato de que todo ser humano nasce como uma folha em branco que será simplesmente moldada pelo meio.
Quando se tem uma visão espiritualista da vida fica fácil compreender que cada pessoa já nasce com uma história, por isso são diferentes. O que a pessoa já traz é unido ao que ela aprende com o meio e isso é o que forma a personalidade. É fácil constatar o quanto até mesmo irmãos gêmeos podem ser diferentes um do outro desde os primeiros dias de vida. Por isso encontramos histórias de pessoas que mesmo crescendo em meio a perversidade conseguem manter a íntegridade. Infelizmente o inverso também é verdadeiro...
Devemos olhar nossos filhos como gente, sem medo, sem sustos, para podermos ajudá-los a se tornarem pessoas melhores. Por isso temos pais, e por isso somos pais.

sábado, 14 de agosto de 2010

O filme "A Origem" e a noção de inconsciente em Jung

Ontem fui ver o filme "A Origem". Estava impedindo que me contassem algo para que me sentisse surpresa ao ver o filme, cujo tema muito me interessa: sonhos. Portanto quem ainda não viu pode ler o post depois.
Não foi muito bem o que eu esperava, mas de fato eu não sei se esperava muita coisa ou se eu apenas esperava que tivesse algo mais a ver com o que realmente considero como sendo a profunda razão e função dos sonhos: a transcendência.
No filme o sonho é mostrado como uma função praticamente restrita a biologia, que devido a profundidade pode influenciar a mente. O sonho dá acesso ao inconsciente, mas apenas se restringe ao inconsciente pessoal, o inconsciente freudiano, no qual são guardados os nossos sentimentos, pensamentos e desejos mais obscuros, difíceis de admitir e lidar. Ele existe? Sim, claro que sim. Mas os sonhos também podem ser mais do que meras reconstruções de fragmentos inconscientes. Tudo depende da visão de ser humano que desejamos expressar. Se queremos passar a idéia de que somos apenas seres biológicos sem transcendência, e que tudo é fruto de fragmentos assumidos ou não, do mundo "real" e nada mais, não há mesmo como sequer vislumbrar que sonhos sejam mais do que foi demonstrado no filme. Os sonhos seriam assim apenas labirintos sem saída, pois não há nada além. É um meio do caminho um morrer na praia, pois seguindo esta visão, ao aprofundar-se em si mesmo só resta ao ser humano se conformar com o fato de que a vida é um beco sem saída e que para a frustrações e os erros não há mais solução.
Realmente. Para quem não vislumbra a capacidade do ser humano transcender a si mesmo, a vida não tem saída. O verdadeiro propósito de aprofundar-se em si mesmo, é encontrar lá o "self" que segundo Jung é o nosso centro mais profundo e que por isso mesmo nos faz transcender toda a realidade limitada que a estreita visão materialista nos impõe.
Os sonhos podem cumprir a função não de nos aprisionar, mas de nos libertar, mostrando que há a nossa volta uma realidade que é maior que nós mesmos, e que nos liga a tudo e a todos.
A noção de inconsciente de Jung não se limita a restos diurnos, o inconsciente em sua forma mais ampla é o gerador da "realidade", da consciência. Segundo o autor, o que chamamos de consciência é um ínfimo pedaço do grande inconsciente que conseguimos assimilar.
A unica questão levantada pelo filme que me chamou a atenção, foi o fato de considerar a possibilidade de que na verdade o nosso mundo possa ser apenas um sonho, uma ilusão. é uma idéia que está no ar e que já foi muito melhor trabalhada em filmes como Matrix. Em Matrix trabalhou-se a noção de "maia", o mundo de ilusão do qual temos que nos libertar para chegar a verdade, é baseado na transcendência espiritual, enquanto A Origem é baseado no caminho que leva a psicose.
Mas os efeitos especiais são bem legais...
Beijos.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Quando nem tudo é como esperamos.

Se você pertence à categoria dos seres humanos, assim como eu, sabe que em algumas ocasiões - para não dizer muitas - as coisas não acontecem exatamente como esperamos ou queremos.
Mas enfim, o que fazer nas horas em que bate o sentimento de que tudo está dando errado, "não foi bem isso que pensei", eu mereço mais e etc?
Bem, vamos por partes:
1- O mais comum é encontrarmos um culpado para a nossa situação. Embora não seja fácil, procure pensar em como você afinal de contas se envolveu com a pessoa em questão, e verá que no final das contas foi uma questão de escolha sua. Se na falta de uma pessoa de carne e osso para culpar estiver culpando Deus, esta é mais furada ainda. Se você já sabe a respeito da existência de Deus, sabe que ele é apenas justo e dá o que cada um merece. Se não pode entender isso é porque ainda não entendeu quem é Deus.
2- Feito isso, você já pode sair da posição de coitado, de vítima, pois como já disse outras vezes, vítima é aquele que não pode fazer nada, que se deixa a mercê dos outros.
3- Repense suas escolhas. Se somos responsáveis por nossos atos, não somos coitados. E se fizemos escolhas erradas que nos fizeram sofrer, podemos também fazer escolhas melhores que nos darão bons frutos.
4- Se estivermos falando de situações irreversíveis como a morte, procure se conformar e aprender mais a respeito dos eternos ciclos de morte e vida do qual não podemos fugir. Se não for, acredite que tudo tem jeito. E se não é do jeito que queremos, talvez não estejamos enxergando muito a respeito do que realmente precisamos.
5- Sempre aprenda com o que deu errado para não sofrer novamente. Toda situação difícil guarda em si uma lição valiosa, se não a compreendemos ela terá que voltar.