Existe uma faceta psicológica no carnaval que me gera reflexão. é uma época na qual podemos ver de forma empírica a realidade da existência da sombra - segundo definição de Jung - no ser humano. Para muitas pessoas o carnaval funciona como uma brecha, como um momento de licenciosidade no qual tudo o que deve ser reprimido e é visto como não permissível, adequado ou correto possa finalmente vir a tona. A razão e o julgamento se encontram entorpecidos, nublando a noção de limite do que nos faz evoluir e do que não faz. é claro que eu sei que nem todas as pessoas que saem em blocos e curtem ver os desfiles de escolas de samba estão dispostas a excessos. Mas o mais notável, é a crença compartilhada por muitas pessoas de que naquele momento, tudo o que se faz de amoral, todos os excessos não são computados. Uma compreensão quase esquizofrênica da personalidade domina o senso comum, pois afinal de contas, naqueles dias boas moças podem beijar e agarrar qualquer um, pais de família se comprazem com os mais exttraordinários trajes femininos, pais se orgulham de ver as filhas nuas em rede nacional, pessoas de respeito se dão ao direito de beber até perder a consciência e acordar na sarjeta ou em hospitais - quando tem a sorte de acordar...
O carnaval é reconhecido como a época das máscaras, mas máscara no sentido junguiano é a persona (máscara em grego) é o que usamos no nosso dia a dia como interface entre nós e a sociedade, mas eu acredito que é a época em que as máscaras caem, e vemos até onde cada um é capaz de ir quando o limite já não é mais exigido pela sociedade, quando só temos o nosso próprio sábio interior para nos guiar. Quando somos realmente vistos além da persona, e muitas a realidade não é tão bonita de se ver.
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