terça-feira, 1 de outubro de 2013

A vaca no barranco e a gaiola de ouro.



Ouvi certa vez uma história da qual gostei muito:

Uma vez um mestre seguia pela estrada com seu discípulo, quando avistaram uma casinha muito pobre, onde morava uma família. Se aproximaram da casa e descobriram que as pessoas eram de fato tão pobres, mas tão pobres, que a sua única fonte de sustento era uma vaca, da qual tiravam o leite para se alimentar e vender o que restava. O discípulo ficou com o coração partido e comentou com seu mestre - O que eu poderia fazer para ajudar estas pessoas? - O mestre respondeu tranquilamente - Jogue a vaca do barranco.
O discípulo não podia acreditar no que ouvia. Impassível o mestre ordenou que ele o obedecesse, ou deixaria de ser seu discípulo. Cheio de conflitos, o discípulo fez o que o mestre ordenou. E assim seguiram o seu caminho.
Pensaram os anos, e o discípulo, passando por aquelas terras, quis muito ver como estava aquela família, pois o ocorrido lhe atormentava desde então. Quando chegou ao local, não havia sequer mais a casa... Foi até a vila mais próxima procurar notícias e lá lhe mandaram até uma bela casa com um grande jardim. Provavelmente haviam ido trabalhar ali. Foi atendido por um jovem simpático que o convidou a entrar. E o discípulo perguntou a respeito de uma família pobre que vivia em uma casa pobre dependendo de uma única vaca para sobreviver... O rapaz riu e disse - Esta é a minha família. Nós éramos realmente muito pobres, mas um dia a nossa vaca morreu depois de rolar por um barranco. Então fomos obrigados a procurar trabalho, descobrimos como fazer negócios e abrimos o nosso próprio comércio e hoje somos os mais ricos desta vila.


Nem sempre uma situação difícil é algo ruim, muitas vezes o ser humano só se movimenta quando elas aparecem, o que me faz acreditar que elas existem para isso... E que se não fossemos sujeitos à inércia sofreríamos menos.
Gosto muito de contar histórias para os meus pacientes, e esta é ouvida quando o tema é a acomodação. Não a acomodação comum, mas a acomodação da qual se tem medo de largar o certo pelo duvidoso, mesmo sabendo que o certo em questão não está tão certo assim.  Relacionamentos "seguros" empregos "seguros", que não trazem satisfação e minam a energia dia a dia, mas estão ali, são seguros, mas empobrecem o espírito e impedem a pessoa de voar mais alto, de partir em busca de algo melhor. São situações nas quais os o próprio ser humano entra e não consegue sair, como um pássaro de asas grandes que se debate na gaiola de ouro, que geralmente tem a porta aberta, mas o pássaro tem medo de sair.

Um comentário:

  1. Precisava disto hoje... foi pra mim. E sinto que hoje meu pior naufrágio é não partir!

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