Em 2003 ui com meu marido e meu filho mais novo, com um ano de idade na ocasião, visitar uma aldeia indígena Krahô em Tocantins para gravar o documentário "A Visão do Xamã" a respeitos dos curadores daquela tribo.
Fui para conviver com as mulheres, já que elas não falariam com homens. Já no segundo dia o Ricardo,meu marido, saiu bem cedo para gravar a caçada com os homens, e eu fiquei com as mulheres. Por volta das 10 horas todas se reuniram na entrada da ladeia e se sentaram para esperar os homens, pois quando eles chegassem elas começariam a preparar o almoço. E assim ficamos por uma, duas , três, quatro, cinco horas e nada! Todas pareciam muito calmas e conversavam enquanto arrancavam capim para trançar pulseirinhas e as crianças subiam nos cajueiros para colher frutas que gentilmente me ofereceram. Como eu já estava com fome e impaciente falei "Mas gente, a hora do almoço já passou!" Elas me olharam com ar de estranheza e repreensão e uma delas disse "A horam do almoço é a hora em que a comida chega."
Naquele momento percebi que eu estava realmente em uma outra realidade paralela, governada pelos ponteiros do meu relógio, e pelo livre acesso aos mercados, restaurantes e a chama mágica do fogão automático. e embora eu bem saiba que no meu habitat não há tanto espaço para esta total relação com os ritmos da natureza, isso sempre me leva a pensar nos efeitos da ansiedade e do imediatismo psicológico que governa nosso meio. Queremos respostas automáticas e fáceis para a nossa fome de sentido, carinho, segurança, auto-estima. Medimos nossos processos e curas pelo relógio e pelo calendário, não nos deixamos amadurecer, principalmente quando isso significa algum tipo de dor e desconforto. Não sabemos esperar, queremos soluções fáceis mesmo que o fast food não alimente e que o remédio da farmácia apenas nos faça dormirmos anestesiado sem curar a origem da insônia.
Ola
ResponderExcluirTudo Bem ?
que linha/escola da psicologia vc segue ?