STATUS QUO
Ontem, estive conversando com uma amiga a respeito da busca desenfreada de alguns por viverem muito acima do padrão que efetivamente podem, o que acarreta num grande empobrecimento subjetivo, já que gastam uma imensa energia interna na manutenção da "fachada subjetiva", energia esta que poderia estar sendo utilizada justamente para o entendimento do porquê dessa necessidade irreal.
Por outro lado, acredito mesmo que temos de vislumbrar bons horizontes para nós, mas existe aí uma tênue diferença entre almejar algo genuíno, independente do que a sociedade dita, a ficar obedecendo interiormente as demandas externas do capital.
Então, podemos recorrer a inúmeros casos na literatura mesmo, de grandes personalidades que nasceram muito pobres e chegaram a ter um lugar reconhecido no mundo. Entretanto, dificilmente você verá que este era o objetivo primeiro dessas pessoas, ou seja, a fama veio depois, mais como reconhecimento do trabalho realizado, adjetivando o brilhantismo do ser.
Assim, pode ser útil pensarmos no que estamos querendo para os nossos filhos, por exemplo, quando ficamos sujeitos a conversar mais sobre o tema financeiro do que sobre valores reais dentro de nossa própria casa. Só assim eles poderão entender onde é que mora o real valor da vida.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Deboche
Há uma espécie de humor que realmente não pode ser bom. Falo de uma tal "ironia fina", onde o próprio adjetivo "fino" parece mesmo um deboche, já que ironia não tem graça e muito menos elegância para ser acompanhada de adjetivo.
Ainda que caiamos em alguma brincadeirinha canhestra que gere piadinhas de mau gosto, é sempre bom estarmos mais alertas em relação ao tema.
Eu mesma, por tantas vezes, já fui vítima e algoz do deboche. Já servi e já fui servida com o que não presta.
Há uma semana atrás, por exemplo, perdi a oportunidade de ficar calada e fiz uma "observação salgada" com um colega que me gerou grande sofrimento e um pesadelo noturno. Tudo isso foi muito sem graça.
Freud falou do humor como algo necessário e vital, amenizador de tensões psiquícas.
É realmente uma dádiva podermos ser, dentre os seres existentes, os únicos possuidores da capacidade de fazer humor. Os macacos, por exemplo, sorriem, mas quem vê graça nisso somos nós.
Então, vamos combinar assim, da próxima vez vamos usar nossa sublime faculdade como algo construtivo, gerador do prazer de viver, ok?
Há uma espécie de humor que realmente não pode ser bom. Falo de uma tal "ironia fina", onde o próprio adjetivo "fino" parece mesmo um deboche, já que ironia não tem graça e muito menos elegância para ser acompanhada de adjetivo.
Ainda que caiamos em alguma brincadeirinha canhestra que gere piadinhas de mau gosto, é sempre bom estarmos mais alertas em relação ao tema.
Eu mesma, por tantas vezes, já fui vítima e algoz do deboche. Já servi e já fui servida com o que não presta.
Há uma semana atrás, por exemplo, perdi a oportunidade de ficar calada e fiz uma "observação salgada" com um colega que me gerou grande sofrimento e um pesadelo noturno. Tudo isso foi muito sem graça.
Freud falou do humor como algo necessário e vital, amenizador de tensões psiquícas.
É realmente uma dádiva podermos ser, dentre os seres existentes, os únicos possuidores da capacidade de fazer humor. Os macacos, por exemplo, sorriem, mas quem vê graça nisso somos nós.
Então, vamos combinar assim, da próxima vez vamos usar nossa sublime faculdade como algo construtivo, gerador do prazer de viver, ok?
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
O nosso lugar
Hoje me deparei com uma cena no mínimo interessante. Na livraria de um shopping observei uma mãe com dois filhos: um de uns 4 anos, outro de uns 8 e uma babá. Em dado momento o filho mais novo pediu algo a mãe, não obtendo o desejado chutou-a . Diante do acontecido a mãe nada fez, continuou desfilando por entre as prateleiras. Imediatamente o mais velho surgiu e empurrou o mais novo no chão dizendo: Não bate na mamãe! A mãe continuou de costas fingindo que nada acontecia, ou pior, se afastava cada vez mais fazendo questao de não ver o mais novo aos prantos esticado no chão da livraria. A babá também só observava. Lá pelas tantas disse tranquilamente ao mais velho: Vai dar a mão para o seu irmão que ele está assim por sua causa. Senti a dor não tanto do mais novo, que chorava copiosamente, mas daquele mais velho, deixado ao encargo de dar limites ao irmão mais novo e recebendo mensagens duplas da mãe que o culpou por tomar alguma atitude, que de fato caberia a ela. Quantas vezes nos negamos a ocupar o nosso verdadeiro lugar na vida? Penso que devemos nos empenhar em cumprir verdadeiramente as nossas funções, mesmo que isto demande algum desgaste, mesmo cientes de que ainda assim não alcançaremos a perfeição, mas ao menos sempre plantando bons frutos. Os frutos da indiferença costumam ser um tanto amargos.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Deus Pai.
Jung foi um dos poucos pensadores a perceber que a psique humana assim como tudo na natureza funciona de modo polarizado. Somos sempre regidos pela tensão que estabelece entre os opostos, tendendo para um lado, para o outro, e sempre buscando o equilíbrio.
Os opostos complementares são: masculino e feminino, alto e baixo, mal e bem e assim por diante. Via que somente com o conhecimento da sombra se poderia saber o que é a luz, logo, os opostos considerados negativos também são essenciais e intrínsecos ao desenvolvimento do mundo humano. Mas o universo polarizado não é uma coisa muito fácil de compreender.
Certa vez Jung recebeu uma carta de um leitor que em suma dizia que Jung complicava muito a noção de Deus, que não era preciso pensar tanto e tecer tantas elucubrações, pois afinal de contas tudo se resumia a verdade: “Deus é Amor”.
Obviamente este simplismo enervou Jung, justo ele que tanto tempo dedicara – a vida toda – a compreensão de Deus, indo contra a fé cega de seu pai, um pastor, acreditando que só é possível entender realmente a existência de uma força maior através do conhecimento, da gnose. O que o fez proferir mediante a pergunta “O senhor acredita em Deus?” a celebre afirmação “Não. Eu sei de Deus”.
O leitor que enviou a carta dizendo que Deus é amor, não estava errado, é claro que Deus é amor. Porem, o que você compreende como amor de Deus? O Amor é o supremo bem, sim. Mas o supremo bem também é a suprema justiça, e a justiça nem sempre se evidencia em atos benevolentes. Afinal de contas onde estaria Deus naquela hora em que mais precisávamos e nos sentimos abandonados e injustiçados?
Uma paciente me fez esta pergunta esta semana e eu me lembrei que como costumamos denominar Deus como o Pai, o melhor exemplo seria justamente o de um pai amoroso.
Como bem sabemos em psicologia, o pai costuma ser aquele que coloca os limites, e não apenas impede as frustrações. Quando uma criança em nome da educação recebe o limite, ou seja, a frustração de seus desejos e expectativas, costuma se irritar, achar que o pai foi injusto, quiçá um monstro! Podendo proferir a terrível frase “Eu te odeio”. A criança se aborrece por julgar o pai apenas com a sua visa o de mundo, acreditando que pode compreendê-lo. Mas obviamente não pode... Apenas quando cresce, e consegue ter uma visão mais vasta pode finalmente enxergar que ele queria o seu bem, e que nunca deixou de amá-la.
Certa vez Jung recebeu uma carta de um leitor que em suma dizia que Jung complicava muito a noção de Deus, que não era preciso pensar tanto e tecer tantas elucubrações, pois afinal de contas tudo se resumia a verdade: “Deus é Amor”.
Obviamente este simplismo enervou Jung, justo ele que tanto tempo dedicara – a vida toda – a compreensão de Deus, indo contra a fé cega de seu pai, um pastor, acreditando que só é possível entender realmente a existência de uma força maior através do conhecimento, da gnose. O que o fez proferir mediante a pergunta “O senhor acredita em Deus?” a celebre afirmação “Não. Eu sei de Deus”.
O leitor que enviou a carta dizendo que Deus é amor, não estava errado, é claro que Deus é amor. Porem, o que você compreende como amor de Deus? O Amor é o supremo bem, sim. Mas o supremo bem também é a suprema justiça, e a justiça nem sempre se evidencia em atos benevolentes. Afinal de contas onde estaria Deus naquela hora em que mais precisávamos e nos sentimos abandonados e injustiçados?
Uma paciente me fez esta pergunta esta semana e eu me lembrei que como costumamos denominar Deus como o Pai, o melhor exemplo seria justamente o de um pai amoroso.
Como bem sabemos em psicologia, o pai costuma ser aquele que coloca os limites, e não apenas impede as frustrações. Quando uma criança em nome da educação recebe o limite, ou seja, a frustração de seus desejos e expectativas, costuma se irritar, achar que o pai foi injusto, quiçá um monstro! Podendo proferir a terrível frase “Eu te odeio”. A criança se aborrece por julgar o pai apenas com a sua visa o de mundo, acreditando que pode compreendê-lo. Mas obviamente não pode... Apenas quando cresce, e consegue ter uma visão mais vasta pode finalmente enxergar que ele queria o seu bem, e que nunca deixou de amá-la.
Qual será mesmo a nossa idade?
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