terça-feira, 23 de junho de 2009

Completa Ilusão
Dia desses vi uma propaganda televisiva onde o anunciante estava disposto a vender um carro com o seguinte slogan: "X, o carro que te completa".
Ui! É isso mesmo, é?
Será que alguém acredita que comprando o tal carro irá se sentir pleno, sem falta alguma? Acredito que não. Então, o que será que está por trás disso?
Fiquei pensando se não seria uma espécie de reforço narcísico
pela via do poder de compra, algo como: "se você tem o carro X, então você deve ser o máximo!".
Onde será que foi parar o "simancol"? Será que ele caiu da mala e ficou pela estrada?
Houve épocas em que superego era o representante da lei, da censura interna que cada um carrega dentro de si.
Hoje em dia, o superego é camuflado num eu inflacionado, num eu heróico, num Super Eu.
Ainda bem que ainda existem pessoas que não caem nessa piada torpe e encontram outras vias de administrar suas imperfeições, sem ilusões mercadológicas.
Bom mesmo é andar com o pé no chão.
Para: Sístole e Diástole

Eu, que amo meus duplos,
Irmãos Gêmeos,
Envio,
do coração de uma só,
o meu amor infinito.
Feliz Aniversário
Feliz Aniversário
Big Bang

Estava dirigindo e conversando com duas amigas sobre uma outra pessoa - que não estava ali para se defender - a respeito do enfrentamento dos próprios fantasmas, antes que eles invadam a "casa" de cada um e só dê para fazer filme trash ou terror subjetivo.
Então surgiu o assunto do medo, de como as pessoas evitam o contato consigo próprias em virtude de acreditarem não suportar uma inserção mais íntima na singularidade que compõe a constelação psíquica de cada um.
Daí lembrei de alguns fantasmas pessoais, dos embates travados, por vezes ininterruptamente - no silêncio do dia e na calada da noite - das angústias e contornos possíveis, das agulhas que, de tanto procurar, acabei por encontrar no palheiro das intermináveis incursões internas.
E como sou antiga, da época do cinema com lanterninha, confesso que tal empreitada não teria sido possível sem o anúncio seguro de um guia, um farol, algo ou alguém que lançasse sobre mim ora o meu próprio reflexo, iluminando-me, ora clareando, do alto, um percurso sombrio e funesto encontrado em meu próprio ser.
Embalada por tal perspectiva, deparei-me, por conseguinte, com uma frase do Jung (na obra: "Presente e Futuro"), dessas que só um príncipio da sincronicidade pode dar conta. É assim:

" O medo da psique inconsciente é o obstáculo mais árduo no caminho do autoconhecimento e também no entendimento e abrangência do conhecimento psicológico. Por vezes é tamanho que nem se consegue confessá-lo. Essa questão deveria ser considerada com seriedade por todo homem religioso, pois ela poderia lhe fornecer uma resposta iluminadora." (p.22)

Como metáfora, vou até a teoria do big bang e tiro dela o estrondo. Será necessário chegar ao ponto de se "explodir" para de lá nascer para a vida?

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O ciúme só é tempero para quem gosta de vinagre.

Muitas vezes ouso pessoas sentarem extremamente ansiosas no sofá do meu consultório preocupadas com o fato do par não demonstrar sentir ciúmes. Incrédulos eles me ouvem dizer: Que bom isso significa que ele (ela) confia em você!
Aos meus ouvidos, falando além da interpretação clinica, parece um grande paradoxo alguém querer despertar ciúmes em um relacionamento para se sentir mais seguro, já que as bases do ciúme estão calcadas na insegurança... Que tipo de relacionamento algumas pessoas estão cultivando se estão procurando despertar sentimentos torpes naqueles que amam? Que tamanha insegurança se esconde atrás de um desejo como este? E que desejo se esconde atrás de uma insegurança como esta? O ciúme traz sofrimento, porque desejar sofrimento do outro como prova de amor?
As pessoas andam tão carentes de legítima atenção e dedicação, de legítimo amor, que por desconhecimento do que venha a ser uma relação satisfatória, pensam ser esta a única maneira de merecer receber atenção do seu par, como se a sua cotação estivesse sempre ao sabor do mercado, do quanto pode atrair de olhares e assim adquirir valor de posse, sim, porque ciúme não é sinônimo de amor, mas de possessividade.
Ciúme não e como um veneno que usado em poucas doses cura, é mais semelhante a uma semente de erva daninha que cresce e mata a planta.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Novamente o tempo.

O tempo é um grande mestre, e sua grande lição é nos ensinar o que realmente é a paciência.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Para: béns!

Bem é tesouro para quem tem.
À você, nesta data querida,
Muitas felicidades,
Muitos anos de vida.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O hoje o amanhã e a morte.

O ser humano não costuma gostar de pensar na morte, e disto todos sabem. Queremos manter conosco sempre a certeza de que haverá um amanhã , e que neste amanhã eu serei feliz e terei a oportunidade de empreender transformações proteladas eternamente. Mas lá, no amanhã, o futuro nos sorri dourado. O amanhã sempre existirá, é fato. Mas nem para todos. Estes dias como se já não fossem lembranças suficientes da finitude da vida encarnada os desastres de avião ocorridos ambos em circunstâncias tão dramáticas, quando cheguei para dar minha aula na PUC 12:45 me deparei com uma cena que transcendeu a minha imaginação: em frente ao portão mais movimentado da faculdade jazia um corpo coberto por sacos plásticos pretos presos por cones de estacionamento. Um senhor, avô de um aluno havia sido atropelado por volta das 10 horas da manhã por um dos ônibus que fazem ponto final ali. Na calçada o neto chorava. Creio que o que mais me surpreendeu foi o fato de não haverem tantos curiosos, nada de ambulância nem policia próximos ao corpo, era quase nada. As pessoas entravam e saiam aos borbotões como de costume e quando cheguei na sala percebi que a maioria dos meus alunos havia visto o saco preto mas não imaginavam do que se tratava, talvez fosse um buraco no asfalto... E a morte em frete aos portões era quase nada. Talvez tivesse havido alguma manifestação mais emocionada as onze, mas meio dia já era quase nada. É, e a vida continua. Das duas uma, ou estamos muito evoluídos espiritualmente aceitando a transitoriedade da vida como algo passageiro e natural, ou a estamos negado com todas as nossas forças, sem querer ver que nada mesmo garante que teremos um amanhã. É uma pena, pois uma das grandes lembranças que a morte nos traz é a importância de viver o hoje, cada dia como se fosse o último.