O ser humano não costuma gostar de pensar na morte, e disto todos sabem. Queremos manter conosco sempre a certeza de que haverá um amanhã , e que neste amanhã eu serei feliz e terei a oportunidade de empreender transformações proteladas eternamente. Mas lá, no amanhã, o futuro nos sorri dourado. O amanhã sempre existirá, é fato. Mas nem para todos. Estes dias como se já não fossem lembranças suficientes da finitude da vida encarnada os desastres de avião ocorridos ambos em circunstâncias tão dramáticas, quando cheguei para dar minha aula na PUC 12:45 me deparei com uma cena que transcendeu a minha imaginação: em frente ao portão mais movimentado da faculdade jazia um corpo coberto por sacos plásticos pretos presos por cones de estacionamento. Um senhor, avô de um aluno havia sido atropelado por volta das 10 horas da manhã por um dos ônibus que fazem ponto final ali. Na calçada o neto chorava. Creio que o que mais me surpreendeu foi o fato de não haverem tantos curiosos, nada de ambulância nem policia próximos ao corpo, era quase nada. As pessoas entravam e saiam aos borbotões como de costume e quando cheguei na sala percebi que a maioria dos meus alunos havia visto o saco preto mas não imaginavam do que se tratava, talvez fosse um buraco no asfalto... E a morte em frete aos portões era quase nada. Talvez tivesse havido alguma manifestação mais emocionada as onze, mas meio dia já era quase nada. É, e a vida continua. Das duas uma, ou estamos muito evoluídos espiritualmente aceitando a transitoriedade da vida como algo passageiro e natural, ou a estamos negado com todas as nossas forças, sem querer ver que nada mesmo garante que teremos um amanhã. É uma pena, pois uma das grandes lembranças que a morte nos traz é a importância de viver o hoje, cada dia como se fosse o último.
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