sexta-feira, 24 de julho de 2009

Na inversão insana de valores, as pessoas mais respeitáveis são as mais capazes de despertar inveja.

Estes dias andei pensando que existe outro sentimento semelhante ao ciúme - e tão devastador quanto - que costuma ser equivocada e prazerosamente plantado no coração alheio: a inveja. Conscientemente todos costumam condenar os invejosos, ensinam as crianças a reprimir tal sentimento e as pessoas que o carregam são (com toda razão) temidas como pássaros de mau agouro, portadoras de olho gordo, seca pimenteira e outros adjetivos afins. Mas idiossincraticamente, muitas das pessoas que condenam a inveja gostam de cultivá-la no coração alheio. É como se despertar a inveja dos outros mostrasse um status, confirmasse o merecedor da inveja como um ser superior possuidor de algo que a maioria deseja e não pode ter. Então para despertar a inveja ostenta-se o que tem (na melhor das hipóteses) e o que não se tem. E não se trata apenas da exibição de bens materiais como: casas, carros, contas bancárias, corpos sarados, silicones (seus ou de algum ser humano descartável adquirido na prateleira do mercado das vaidades), mas também de inteligência, bons relacionamentos, sabedoria e etc. Enfim tudo o que se pensa ter-se mais que a maioria dos reles mortais.
Pessoas realmente sábias e felizes não precisam estampar para o mundo inteiro o quanto são alegres e realizadas, elas simplesmente o são porque alem do que é imposto de fora, possuem o que almejaram segundo as suas inclinações internas mais profundas. Pessoas realmente sábias sabem o quanto é nociva a energia gerada pelo olho que inveja, que não se satisfaz enquanto não consumir e arrasar aquilo que acredita não poder ter. Pessoas realmente sábias afastam a inveja ao invés de atraí-la, procurando despertar: amor amizade e admiração sincera.
Por trás do desejo de despertar a inveja está a falta de uma virtude rara e difícil de conquistar: a humildade. Mas esta conversa fica para depois.

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