segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Aos jovens e futuros colegas clínicos - Coisas que não estão nos livros

Sei que ainda não sou tão velha assim, mas alguma experiência da profissão eu já posso passar. E desejo dizer algo para as pessoas que me procuram nesta época de decisão de carreira,  futuros colegas com a faculdade em curso, e ainda aqueles que se formaram a pouco tempo e sentem que com a formatura o chão fugiu dos seus pés... É assim mesmo.
A profissão de psicólogo é uma daquelas em que o fim a faculdade é apenas o início da caminhada.  Nós achamos que saímos psicólogos quando nos formamos, mas o diploma oferecido é apenas uma habilitação que nos permite começarmos a nos tornarmos psicólogos. As teorias e os sistemas de pensamento, assim como as técnicas são importantes, é claro, mas não é apenas o domínio de técnicas que faz um psicólogo clínico. Isto ocorre porque de forma mais intensa que na maioria das profissões nós somos e seremos sempre o nosso principal instrumento, usamos o nosso saber teórico e o nosso saber sobre nós mesmos. 
Não adianta pensar que existe a imparcialidade pura, o que existe é a posição respeitosa frente as diferenças. Quando sabemos algo a respeito dos campos energéticos formados por nós e nossos pensamentos - não é mero misticismo e sim física quântica - fica fácil compreender que sua presença já não é imparcial. Mesmo que não digamos o que estamos pensando, o que somos e o que pensamos forma um campo que interage com o campo do paciente diante de nós, e é no espaço formado na interação destas dois camos que de fato se realiza o tratamento. Jung muito a frente de seu tempo no que diz respeito a clínica já havia apontado este fato mesmo antes de haver o boom da física quâtica e os eus paralelos com a psicologia. Mesmo que nada seja dito, estamos lá como nosso ser inteiro, nosso consciente e inconsciente criando um fluxo intenso como o consciente e o inconsciente do paciente. E neste campo as coisas adquirem proporções maiores do que imaginamos a princípio.
Em primeiro lugar, mesmo que não haja ninguém além de nós e o paciente em uma sala, somos responsáveis por cada ato e palavra no seting, e responderemos por eles no decorrer de nossos dias. Não há lugar para hipocrisia. 
Segundo, os tipos de pacientes que nos procurarão serão sempre um reflexo da energia na qual estamos sintonizados, nós os atraímos, já que não há acaso.
Terceiro, a melhor maneira de afiar o nosso principal instrumento é praticar o conhece-te a ti mesmo.Quarto, nunca pense que não tem nada a oferecer, como já disse, nada é por acaso, e se aquele paciente veio te procurar há um motivo. Mesmo que no final acredite ser melhor indicá-lo a outro colega, até isso já é algo a oferecer.
Quinto, não se iluda pensando que não há nada para aprender com um paciente, a arrogância em um psicólogo pode ser sua ruína, pois corta o fluxo e empobrece o solo de onde esurgem os verdadeiros insigths. 
Sexto e mais importante, ame o seu trabalho e ame os seus pacientes (como pacientes é claro!!!) pois o amor é a maior força do universo e deve estar presente em tudo o que fazemos, inclusive no nosso trabalho, e principalmente quando este envolve os sentimentos humanos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário