quarta-feira, 15 de abril de 2009

Reforma ortográfica: ora pois, não estou a entender
Afora as correntes dúvidas acerca da nova grafia de certas palavras da língua portuguesa, deparei-me, dia desses, com um certo pesar frente às atuais imposições ortográficas. É que lembrei-me do trema, esse amigo de longa data, que muito me fará falta.
O trema, além de fazer toda letra "u" transformar-se numa carinha feliz e dar um aspecto alegre à palavra, presenteou-me, no início da adolescência, com a apresentação da língua alemã.
Isso me fizera crer que havia uma conexão muito simpática entre as duas línguas, ligadas pelo sorriso.
Tempos bicudos esses em que vôo transformou-se em voo, sem chapéu de aviador. Enjôo, então, nem se fala! Agora, não tem mais ninguém para segurar a cabeça do "o" quando ele passa mal...
Por outro lado, fica a dúvida que não quer se calar em relação ao propósito das mudanças. Já li, por exemplo, que, com a uniformização da língua, poderemos cambiar obras abundantemente. Não será necessária uma edição para cada país, incrementando, assim, o intercâmbio cultural entre as nações de língua portuguesa.
Entretanto, penso que não é só a ortografia que faz a língua. E as expressões idiomáticas, por exemplo? Como ler e entender em um texto, que o personagem principal estava dirigindo e falando com as mãos livres (= viva voz), aguardando a chegada na casa de pasto (restaurante), onde finalmente pedirira, como desjejum, uma carcaça (pão francês) e um café?
Acho que, no mínimo, vão vender dicionário luso-brasileiro aos borbotões... Isso é que é lucro editorial!
Há um tempo atrás, um colega contou que, quando estava em Portugal, apertou o botão do elevador de um edifício e travou o seguinte diálogo com a pessoa que estava lá dentro:
- O elevador tá subindo ou tá descendo? - disse o colega.
- Está parado. - disse o cidadão.
Isso sem falar que descarga de banheiro parece uma catástrofe da natureza... um "autoclismo". Cruz credo, eu é que não aperto!
Vejam meus caros, a situação não é das mais fáceis...
E a rapariga aqui está a apanhar aos montes.


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